Helena Silva, in Jornal de Notícias
A Conferência Episcopal Portuguesa vai promover uma reunião alargada para analisar a situação da sociedade portuguesa e definir um rumo de esperança. O anúncio foi feito, esta terça-feira, em Fátima, pelo padre Manuel Morujão, no final da reunião do Conselho Permanente da CEP.
O encontro, explicou, deverá ter lugar antes da Páscoa e será aberto à sociedade em geral - até aos não católicos - pretendendo constituir-se como um simpósio de reflexão da situação actual, desde a vertente económica à social e familiar. No final, adiantou Manuel Morujão, deverá "surgir um documento que, para além de analisar a situação actual da sociedade portuguesa, defina que se abram perspectivas de esperança".
"Abrindo os olhos para a situação actual, pensou-se em promover este simpósio na linha de que, às vezes, publicamos documentos e parece que as coisas ficam no papel", afirmou ainda o porta-voz da CEP, frisando que aquilo que se pretende é "uma movimentação de base, na qual se comprometa mais a sociedade em geral, não apenas os católicos, para abrir pistas de solução".
Ainda não é certo de que, para o encontro, venham a ser convidados representantes do Governo. "Não está em agenda, mas também não está fora da agenda, mas seguramente que se fará um convite universal para todas as pessoas que queiram participar", explicou ainda o sacerdote.
"A Igreja tem as portas abertas e o objectivo é que todos tenham voz neste simpósio", sublinhou.
"Cristãos e não cristãos, certamente que estamos todos no mesmo barco, por isso, o que se pretende é que haja um congregar de esforços, de pontos de vista, com horizontes de solução", revelou.
Os bispos, ontem reunidos em Fátima, analisaram também a situação da ausência de regulamentação na assistência religiosa nas prisões, numa altura em que decorria, em Fátima, um encontro de capelães prisionais.
"De facto, é um terreno ainda movediço e sem definição", considerou o padre Manuel Morujão, adiantando que essa opinião já foi transmitida ao ministro da tutela.
"A Igreja aqui não busca nenhum privilégio para si, é um serviço que quer prestar à sociedade e aos excluídos da sociedade", explicou, sublinhando que, para que isso aconteça "é preciso que se concretizem os princípios da Concordata estabelecidos entre a Santa Sé e o Estado Português".
"É preciso encontrar os carris para que possa concretizar-se o que, aqueles que estão dentro das prisões necessitam", considerou ainda.
Na reunião da CEP foi analisado também o 50º aniversário do Cristo Rei, em Almada, que se celebra este ano, e que será assinalado com um programa comemorativo.


