10.1.09

Perdas de 3,73 por cento no Fundo da Segurança Social

João Manuel Rocha, in Jornal Público

Reserva para garantir pagamento de pensões era de 8350 milhões de euros no fim de 2008


O Fundo de Estabilidade Financeira da Segurança Social (FEFSS) teve, no ano passado, uma rentabilidade anual líquida de -3,73 por cento, um resultado que, apesar de negativo, "supera a crise internacional", destaca o Instituto de Gestão de Fundos, que o atribui a uma gestão prudente.

A rentabilidade do FEFSS ultrapassa a que as consultoras estimam para a rentabilidade dos fundos de planos de pensões profissionais portugueses em 2008, assinala o instituto: - 15 por cento no caso da Watson Wyatt e - 7,0 por cento no da Mercer.

Num ano em que os montantes transferidos pelo ministério da Segurança Social para esta reserva - destinada ao pagamento de pensões em caso de necessidade - atingiram os 1092 milhões de euros, o FEFSS chegou ao fim de Dezembro com 8350 milhões de euros.

Esse valor corresponde a 6306 milhões de euros de transferências e a 2044 milhões de rentabilidade acumulada desde a sua criação, em 1989, referem os dados ontem divulgados pelo instituto tutelado pelo ministro Vieira da Silva.

Como o PÚBLICO noticiou em Outubro, a carteira de investimentos da Segurança Social perdeu, pelo menos, cerca de 200 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano em resultado da crise financeira internacional.

No mesmo mês, o secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, admitia já que devido à situação internacional seria "difícil de atingir" a estimativa governamental de que o fundo chegasse no ano passado aos nove mil milhões de euros.
A rentabilidade anual do FEFSS está agora em +4,19 por cento desde a sua criação e em + 3,57 nos últimos cinco anos. De acordo com dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios referidos pelo Instituto de Gestão de Fundos, entre 54 fundos de planos poupança-reforma apenas cinco tiveram nos últimos cinco anos uma rentabilidade superior.

A explicação para os resultados agora apresentados é uma "política de investimentos prudente", refere um comunicado ontem divulgado pelo Instituto. Entre as medidas de gestão do risco, é destacada o aumento do número de bancos utilizados para permitir a redução do montante máximo depositado em cada banco para um por cento do valor do fundo.

O uso de bilhetes do Tesouro para substituição parcial dos depósitos bancários, a substituição de produtos financeiros indexados a índices de mercado por fundos de investimentos passivos e a redução do montante investido em contratos de futuros são outras medidas a que o instituto afirma ter recorrido.

Na informação ontem divulgada, é ainda indicado que o FEFSS não faz aplicações em bancos com rating inferior a A-/A3. "Essa já era a prática, só que agora está corporizada numa norma", disse ao PÚBLICO fonte autorizada do instituto, que pediu para não ser identificada.

A mesma fonte disse também que não houve retirada de fundos de qualquer banco nos últimos meses em resultado da adopção dessa norma. Os bancos com rating A são considerados os mais seguros, apesar de, nos últimos meses, também essas instituições terem sido fortemente afectadas pela crise financeira.
Rentabilidade do fundo tutelado pelo ministro Vieira da Silva foi de +3,57 nos últimos cinco anos