17.11.14

“A maior loja de segunda mão do Porto” é solidária

Texto de Sara Tavares, in Porto24

A Associação Humana Portugal, que já tinha 6 lojas em Lisboa, acaba de abrir a sua primeira loja no Porto, com roupa em segunda mão e a preços bastante acessíveis. Fica na Rua Passos Manuel, 62.

A Humana Portugal é uma associação não governamental e sem fins lucrativos que, nos últimos 16 anos, “tem impulsionado e realizado programas de cooperação em Moçambique e Guiné-Bissau através de recursos obtidos a partir da gestão têxtil de roupa usada”, pode ler-se num comunicado divulgado pela associação.

Em Portugal, a associação iniciou a sua actividade em 1998, participando igualmente em programas de apoio social e para o desenvolvimento.

“O resultado do trabalho da Humana reduz o volume de roupas usadas que iriam para o aterro, reutiliza a maior parte das roupas inutilizadas e facilita a reciclagem de roupa em mau estado que pode ser transformada noutros produtos”, sublinha a associação, na mesma nota de imprensa.

A associação tem cerca de 1.600 contentores em todo o país, onde recolhe roupa, têxteis e calçado usado, recebendo também doações nas lojas Humana.

A primeira abriu em Lisboa em 2001; hoje, a capital conta já com 6 lojas. No passado dia 11, a Humana abriu a sua primeira loja no coração da baixa do Porto. O espaço foi apresentado como “a maior loja de segunda mão do Porto”.

“O Porto tem um centro de recolha de aproximadamente 80 contentores, faz todo o sentido ter uma loja na Invicta, é o seguimento do processo da associação”, explicou à Praça Teresa Palheiro, da Comunicação da Humana. “A lojas funcionam também no contexto de dar uma nova utilização a uma peça que previamente seria deitada ao lixo”, sublinhou.

De toda a roupa doada, apenas uma pequena percentagem – entre 8% a 12% chega às lojas –; outra percentagem é doada para África, onde é vendida no comércio local a preços baixos, e a restante, que é possível reutilizar, é vendida a empresas de reciclagem têxtil ou a centros de tratamento de resíduos. “Actualmente, conseguimos que nada vá para o aterro sanitário”, adianta Teresa.

Peças únicas, boas marcas

As lojas Humana têm as secções Homem, Mulher, Criança, Acessórios, Têxteis e Vintage (roupas dos anos 70, 80 e 90), que vão desde a “marca branca” a etiquetas conceituadas, como a Salsa, Levis, Pepe Jeans, Massimo Dutti, Gant, Eskada ou Gucci. “O conceito é ter acesso a roupa de qualidade a um preço bastante atractivo. São todas peças únicas, não há 2 peças iguais”, refere Teresa Palheiro.

André Figueiral, responsável pelas lojas Humana, acredita que, ultrapassado o preconceito de usar usado, comprar roupa passa a ser um hábito, entranha-se. “Quem começa a comprar segunda mão nunca mais quer outra coisa. As pessoas que viajam para Londres e Paris já estão mais que habituadas a este tipo de compras, há imensas ruas só com lojas de roupa em segunda mão e estão sempre lotadas de gente”, sublinha.

Há clientes, continua, a que, por “brincadeira”, chamam “‘caça-marcas’, que são de classe média-alta e correm as lojas todas da Humana à procura de grandes marcas como Eskada, Gucci, Christian Louboutin, Guess ou Prada”.

Os preços das peças variam conforme “tendência de moda, a marca e o estado de conservação”, esclarece André Figueiral. A Humana tem saldos bimensais, em que “todos os artigos ficam a 30%, depois 40%, e depois tudo a 5, 3, 2, 1 euro”. Nessa altura, é possível “comprar umas calças ou um casaco por 1 euro”, frisa o responsável.

Na calha está a abertura de mais lojas na Invicta. “Gostava que a próxima fosse na Rua de Cedofeita, é uma zona bastante comercial e muito movimentada”, adianta André Figueiral.