2.7.15

E se um “crowdfunding” ajudasse a pagar a dívida da Grécia?

Texto de Amanda Ribeiro, in Público on-line(P3)

Britânico lançou uma popular campanha de "crowdfunding" para conseguir os cerca de 1600 milhões de euros que o país deve ao FMI. Há quem questione a sua credibilidade

Pode uma campanha de "crowdfunding" angariar os quase 1600 milhões de euros que, esta terça-feira, a Grécia deveria deveria reembolsar ao Fundo Monetário Internacional (FMI)? Thom Feeney acredita que sim — e não está sozinho.

O britânico de 29 anos é o impulsionador da campanha "Greek Bailout Fund", lançada esta segunda-feira na plataforma Indiegogo, que apela a todos os europeus que colaborem num fundo de resgate grego. A premissa é simples: se cada uma das 503 milhões de pessoas que vivem na União Europeia contribuir com três euros, facilmente se resolve esta situação e a Grécia "pode voltar ao bom caminho".

Até agora, à hora de publicação deste artigo, mais de 9 mil pessoas doaram mais de 153 mil euros. É uma gota no oceano — o contador ainda não saiu dos 0% — mas os números não param de crescer. E, tal como em todas as campanhas de "crowdfunding", também há recompensas. Quem der três euros, recebe um postal enviado da Grécia (com Alex Tsipras, o primeiro-ministro grego); seis equivalem a uma salada de queijo feta e azeite; dez a uma pequena garrafa de Ouzo; 25 a uma garrafa de vinho grego.


"Todos os produtos serão provenientes da Grécia, feitos na Grécia e enviados da Grécia", garante o criador do projecto. Até porque, diz, os europeus podem ajudar os seus "primos gregos" ao comprar "maravilhosos produtos gregos como feta, azeitonas, vinho e muito mais". "Ou considerando a Grécia como destino de férias. Essa é parte da ideia por detrás de cada uma das recompensas da campanha. O comércio vai ajudar a Grécia e o povo grego na situação actual."

Uma "tentativa real de fazer alguma coisa"

Não é um "statement", é uma "tentativa real de fazer alguma coisa", garante o britânico na página do projecto, onde, atendendo à popularidade crescente da campanha, acrescentou uma lista de perguntas e respostas sobre o projecto e as suas intenções. "Pelo menos, é importante levantar a questão da situação difícil que o povo grego atravessa."

Muitos têm questionado a credibilidade da campanha, não só pelo conceito em si mas também por um certo tom leve e jocoso, mas o jovem assegura que não é uma piada e que "todos os lucros irão para o povo grego", seja através do governo ou por outros meios (ainda que não se saiba bem como é que o governo grego poderá aceitar o montante). Está prometido que se o objectivo não for atingido, todo o dinheiro será devolvido.

Thom Feeney sublinha na página que nunca se envolveu na política grega, nem falou com nenhum dirigente europeu. No entanto, já há um boato a correr: um jornalista contou-lhe que Tsipras queria entrar em contacto com ele. A campanha termina domingo, 5 de Julho, data do referendo na Grécia.