6.7.15

Grécia. Conselheiro para a pobreza da ONU pede corte à dívida

in iOnline

Jeffrey D. Sachs, conselheiro especial da Organização das Nações Unidas, defende o voto no "Não" e um acordo que inclua reformas e redução da dívida em simultâneo

O conselheiro especial da ONU para a pobreza, Jeffrey D. Sachs,escreveu um post para o "Project Syndicate" onde apela à permanência da Grécia no euro e à redução da dívida pública que pesa sobre os gregos. Para se conseguir isto, sugere que se avance com um plano com quatro etapas.

"Primeiro, recomendo que o povo grego dê um sonoro 'Não' aos credores no referendo", começa desde logo por apontar. Depois, "a Grécia deve continuar a reter os custos com a dívida externa em antecipação de uma reestruturação consensual da sua dívida", aproveitando as poupanças conseguidas com os credores "para pagar aos pensionistas, avançar com apoios à alimentação, reparar infraestruturas cruciais e providenciar de forma directa liquidez à banca".

Sachs defende de seguida que "Alexis Tsipras use os seus poderes de persuasão" para convencer os gregos, "à maneira de Franklin D. Roosevelt, que a única coisa que têm que ter medo é do próprio medo", uma frase que, aliás, tem sido recorrente no primeiro-ministro grego nos últimos discursos. "O governo deve clarificar a todos os gregos que os seus depósitos estão a salvo; que o país vai continuar na zona euro (apesar das acusações falsas feitas por alguns membros do eurogrupo, de que o 'não' implica sair do euro); e que os bancos vão reabrir logo após o referendo."

Por fim, defende o autor do livro "The End of Poverty", a Grécia e a Alemanha precisam de se entender pouco depois do referendo "e chegar a acordo sobre um pacote de reformas económicas e de corte na dívida. Nenhum país - incluindo a Grécia - deve esperar que um corte na dívida lhe seja entregue numa bandeja de prata; este alívio tem que ser ganho e justificado por reformas reais".

Jeffrey D. Sachs defende que a solução para a Grécia não deve ser desenhada através de um plano "em que se exige reformar primeiro em troca de promessas vagas sobre o alívio da dívida num prazo não especificado", como a Europa tem vindo a fazer com Atenas desde a segunda metade de 2012.

"Aliviar o fardo da dívida enquanto se mantém a Grécia no euro é o caminho correcto e atingível para sair da crise", conclui. "E isto só pode ser conseguido com acordo mútuo entre a Alemanha e a Grécia, subscrito pelo resto da Europa."