27.3.19

Sem-abrigo expulsos das imediações do Parlamento britânico

in DN

Os polícias terão evocado a Lei do sem-abrigo de 1824 e referido que era necessário limpar a área "para que os parlamentares possam trabalhar"

Um grupo de sem-abrigos foi expulso de túneis públicos junto ao Parlamento britânico, em Londres. O jornal The Independent conta que as autoridades terão obrigado os cidadãos a sair daquele local depois de uma alegada queixa de um deputado.

Os polícias terão evocado, segundo dois homens que ali dormiam, a Lei do sem-abrigo de 1824, que criminalizava quem dormisse nas ruas. Referiram ainda a necessidade de manter os túneis que ligam a estação de metro de Westminster ao Parlamento limpos "para que os parlamentares possam trabalhar".
"Eu estava no túnel a ler a minha bíblia. Tinha acabado de acordar e ainda estava a tentar aquecer-me. Os polícias mandaram-me levantar e sair. Um deles disse: 'estamos a retirar toda a gente dos túneis para que os parlamentares possam trabalhar'", disse ao jornal inglês Elliot, de 22 anos, que mora na rua desde os 16.


Isto acontece numa altura em que o partido trabalhista está a tentar pôr fim à lei sobre os sem-abrigo, por esta ser "cruel e desatualizada". "A notícia de que a Lei do sem-abrigo ainda está a ser utilizada para dissuadir pessoas vulneráveis perto de Westminster é vergonhosa. Temos de parar de usar essa lei ultrapassada", comentou Layla Moran, deputada liberal democrata.
Vários sem-abrigo indicaram que desde fevereiro que esta lei tem sido citada para os expulsar de locais públicos e até há quem tenha sido multado e preso pela condição de dormir nas ruas inglesas.

Sem-abrigo multados e detidos por pedirem esmola
Já o porta-voz da Polícia Metropolitana afirma em resposta a esta acusação que não foi feita nenhuma detenção desta vez e que as autoridades foram convidadas para trabalhar em conjunto com associações de apoio a sem-abrigo.

No ano passado, foram registados, pela organização de solidariedade Shelter 320 mil sem-abrigo na Grã-Bretanha. Mais 13 mil do que em 2017.