Daniel Lam, in Diário de Notícias
"Isto é um pandemónio", queixam-se moradores do bairro social Fundação D. Pedro IV, na freguesia de Mira-Sintra, criado há cerca de cinco anos pela Câmara de Sintra para realojar pessoas que viviam em barracas no Cacém de Cima. Insurgem-se contra os ciganos que montaram barracas e roulottes nos parqueamentos situados por baixo dos prédios. Acusam-nos de "fazer barulho, andar aos tiros e a vender droga e armas".
A situação já se arrasta há cinco anos, mas agravou-se desde há um mês, devido a "guerras entre duas famílias ciganas". Um residente conta ao DN que "na cave B do lote 4 morava um cigano com a mulher e um filho. Ele é do melhor que há aqui, mas teve de fugir, porque gerou-se por aí uma rixa com outra família de ciganos. A briga começou há um mês".
Outra vizinha - que também prefere não se identificar por temer ser vítima de represálias - lembra que "há oito dias, apedrejaram as janelas da casa dele, partiram os vidros e as persianas. Nessa altura vieram militares da GNR de metralhadoras em punho e andaram às voltas na zona. Mas depois nunca mais voltaram".
"Temos gás canalizado no pré-dio e isto é um perigo para as 17 famílias que cá moram. Porque eles tentam entrar na casa dele pa- ra destruir tudo o que lá está. Te- mos medo que eles peguem fogo a isto e depois pode explodir tudo com o gás", dizem vários residentes.
Recordam que "os ciganos viviam acampados num pinhal perto dos bombeiros do Cacém. A câmara realojou uns nestes prédios e aos outros pagou 1200 contos para se irem embora. Mas esses vieram para aqui montar barracas por baixo dos prédios e agora estão à espera que a câmara lhes dê casa".
"Eles trazem quilos de cães para aqui, que andam pelas ruas cheios de sede e de fome, carregados de sarna, pulgas e carraças, que depois trepam pelos prédios acima", denunciam alguns moradores. Um deles salienta que "até têm cavalos e burros que andam por aqui a encher as ruas de porcaria". Uma vizinha alerta que "as bocas-de-incêndio desta zona foram todas desactivadas, porque os ciganos as abriam para lavar tapetes e outras coisas e deixavam a água todo o dia a correr pela rua fora. Se um dia houver aqui um incêndio, não sei aonde vão os bombeiros buscar água para apagar o fogo".