8.4.07

"Não há modelo sueco. Temos tido alguma sorte"

in Jornal Público

No último ranking tecnológico do Fórum Económico Mundial a Suécia aparece em segundo lugar, apenas com a Dinamarca à frente. O seu crescimento económico é superior à média da UE. O desemprego ronda os cinco por cento. Mesmo assim os suecos decidiram mudar de governo, coisa rara nos últimos 70 anos.

Toda a gente olha para a Suécia e para o modelo nórdico como um exemplo a seguir na Europa. Há um novo Governo, que não é social-democrata e que parece que não gosta tanto como nós do modelo sueco. Não vai acabar com ele, pois não?
Não há modelo nórdico nem há modelo sueco. Temos tido, é verdade, alguma sorte e, algumas vezes, a sabedoria necessária em certos aspectos. Mas também falhámos noutros, como os dinamarqueses ou os finlandeses. Mas, ao mesmo tempo, a globalização está a mudar a natureza do jogo. Nos últimos dez anos conseguimos aumentar bastante a produtividade e aumentar consequentemente a nossa capacidade exportadora.

Daí o boom económico. Isso vai manter-se e ainda detemos uma posição bastante confortável. Mas, ao mesmo tempo, também sentimos a pressão da competição externa e sobretudo temos de integrar mais pessoas no mercado de trabalho. Temos um milhão de pessoas fora do mercado de trabalho, por uma razão ou outra, e esse é um dos motivos por que queremos mudar algumas políticas, para tornar o mercado mais capaz de criar novos empregos.

Além disso, temos de ser mais inovadores. Estamos no topo da lista nas despesas de I&D (Investigação e Desenvolvimento). Mas, se eu lhe disser que isso se deve, em boa parte, apenas a duas empresas, isso significa que não somos tão bons como gostaríamos a encorajar a inovação e o empreendorismo.