in Jornal Público
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) lamentou ontem que a evolução positiva da actividade económica em Portugal tenha sido insuficiente para impedir a escalada da taxa de desemprego em 2007, para um nível "historicamente elevado" de oito por cento (mais 0,3 pontos do que em 2006).
Em relação ao ano passado, a AEP destacou positivamente a redução do défice público para um valor compatível com o limite de três por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do Pacto de Estabilidade e Crescimento (em contabilidade nacional). Este valor superou a meta inicial de 3,7 por cento do Governo.
"Saliente-se, no entanto, que a melhoria da posição orçamental foi conseguida mais uma vez à custa do aumento da carga fiscal e parafiscal que, segundo a estimativa do Governo, atingiu também um máximo histórico na série corrigida de medidas extraordinárias (37,1 por cento do PIB, mais 0,4 pontos percentuais do que em 2006)", referiu a associação liderada por Ludgero Marques.
No caso da despesa - que aumentou à taxa de 2,4 por cento - verificou-se uma redução do seu peso no produto para 45,4 por cento, mas "à custa de medidas puramente conjunturais, como a política de contenção salarial e o refreio ao investimento". Não se tratou por isso, lamentou a AEP, do resultado de uma "prometida reforma da Administração Pública que tenha efeitos estruturais irreversíveis".
Em termos de contas externas, a AEP destacou ainda a descida do défice externo para um valor previsto de 7,7 por cento do PIB, que, segundo a AEP, continua a ser muito elevado, superando largamente o verificado no início da anterior expansão económica (0,4 por cento do PIB em 1995). "Ainda que a acentuada dimensão do défice externo não suscite uma crise de pagamentos como aconteceu no passado, dada a adopção do euro, é um sintoma da falta de competitividade do país", lamenta. Lusa