7.1.11

Revista "Economist" diz que Portugal deverá recorrer a ajudas internacionais

in Jornal de Notícias

A unidade de análise económica da revista Economist acredita que Portugal vai mesmo ter de recorrer à ajuda externa em 2011, enquanto a zona euro vai conseguir evitar o seu colapso.

No artigo 'Europe economy: Key issues in 2011', datado de 4 de Janeiro, a Economist Intelligence Unit afirma que a "zona euro vai evitar o colapso em 2011", mas acrescenta que haverá "momentos desconfortáveis" no processo de resolução da crise financeira e económica.

Um desses momentos passará por Portugal: "Esperamos que Portugal seja obrigado a aceder ao fundo de estabilização da União europeia e do Fundo Monetário Internacional", afirmou a unidade de análise económica da Economist no mesmo documento.

Se tal acontecesse Portugal seguiria o exemplo da Grécia e da Irlanda, que accionaram o recurso ao mecanismo de resgate europeu e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2010.

Já quanto a Espanha, outro país que tem estado sobre a pressão dos mercados, a Economist Intelligence Unit acredita que esta não precisará de recorrer ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, mas avisa que tendo em conta a dimensão da economia espanhola "quaisquer dúvidas apresentam um risco para a estabilidade do zona euro".

Aliás, de acordo com os mesmos analistas, um dos motivos porque os mercados podem voltar a ficar agitados em 2011 tem a ver com o cepticismo dos investidores quanto à capacidade do fundo de resgate, orçado em cerca de 750 mil milhões de euros, de acudir aos países em dificuldades.

Apesar de a Espanha não dever de precisar de recorrer à ajuda externa, o país precisará de "financiar 21 por cento da sua dívida pública em 2011 além de ter de suportar um défice orçamental de sete por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Quanto à medida do Banco Central Europeu (BCE) de compra de dívida pública, a Economist Intelligence Unit considera que a entidade liderada por Jean-Claude Trichet entrou num "território politicamente controverso" em que será difícil "dar um passo atrás".

Num ano de fortes medidas de austeridade para reduzir o défice orçamental - que em Portugal deverá ficar-se nos 4,6 por cento depois de hoje o Governo ter garantido que a meta de 7,3 por cento em 2010 vai mesmo ser alcançada - a unidade de análise económica da revista Economist prevê que haja "impactos negativos na estabilidade social e política", em especial na Grécia mas também na Irlanda.

Nos outros países, os protestos serão mais brandos, tal como em Portugal, onde os cidadãos já têm vindo a viver com "longos períodos de austeridade e de fraco crescimento económico".