7.1.11

Salário mínimo sobe e país perde competitividade

Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias

Nas décadas e anos em que o salário mínimo nacional aumentou, Portugal perdeu competitividade. Esta é a conclusão de um estudo publicado pelo Ministério das Finanças numa altura em que o salário mínimo deverá atingir os 500 euros.

O estudo conclui que uma das razões para o aumento dos custos unitários de trabalho e para a perda de competitividade da economia portuguesa é, em parte, a subida significativa dos salário mínimo.

"Na segunda metade da década de 2000, embora se tenha assistido a uma menor deterioração da competitividade em Portugal, dada a desaceleração dos custos unitários de trabalho no total da economia, os valores mantiveram-se acima da média europeia, impulsionados, em parte, pelo incremento significativo do salário mínimo nacional nos últimos anos".

Segundo o documento os custos unitários do trabalho situaram-se em média, no período de 2000 a 2009, nos 2,9% e contrastam com os valores elevados atingidos na década de 80 (15,6%) e na década de 90 (6,9%).

O estudo analisa o indicador da taxa de câmbio real efectiva deflacionado pelos custos unitários do trabalho, que é interpretado como um indicador de competitividade, e faz a comparação entre a evolução em Portugal e nos países da Zona Euro. Concluindo que "em termos de competitividade, o posicionamento de Portugal na última década não se afigurou muito favorável, situação que se encontra associada ao crescimento ainda elevado dos custos unitários de trabalho quando comparados com a média europeia", refere o documento do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) , publicado na página oficial das Finanças.

O estudo da economista Clara Synek adianta, ainda que, no caso específico da indústria transformadora, "assistiu-se, em Portugal, nos últimos anos, a um ligeiro ganho de competitividade" que foi mais pronunciado em relação aos países da Zona Euro, em 2008 e 2009. Esta melhoria de competitividade resulta "da desaceleração dos custos unitários do trabalho, invertendo a tendência de forte crescimento registado nas décadas de 80 e 90".

Igual melhoria verificou-se nas exportações. "No conjunto dos últimos quatro anos, assistiu-se a um ganho de quota de mercado das exportações portuguesas, em linha com uma diminuição de 0,9% na taxa de câmbio real efectiva em termos de custos unitários da indústria transformadora", refere o documento.

O salário mínimo nacional subiu de 475 euros para os 485 euros este ano e o Governo mantém o objectivo de atingir os 500 euros em 2011. Nos meses de Maio e Setembro, o Executivo vai avançar com uma avaliação do impacto da subida de dez euros do salário mínimo para que no mês de Outubro este passe para os 500 euros.