5.1.11

Salário mínimo “é uma vergonha”, diz provedor da Misericórdia do Porto

in Público on-line

O provedor da Misericórdia do Porto, ontem empossado para um novo mandato, reclamou uma nova geração de políticas sociais e classificou o salário mínimo como “uma vergonha”.

António Tavares, reconheceu, no seu discurso, que a política de subsídios ou de apoios sociais “não tem permitido, como se ambicionava, atacar a exclusão ou o abandono escolar” e preconizou que o Estado Social é de preservar, “mas adaptando essa energia aos novos tempos que vamos viver”.

Depois de aludir a uma realidade que “está a conduzir à proletarização da classe média”, António Tavares defendeu a possibilidade de se criarem mecanismos compensadores da reentrada dos jovens no mercado de trabalho, “fazendo coincidir durante um curto período o novo salário com o subsídio de desemprego”.

António Tavares referiu-se também ao salário mínimo, 485 euros, a partir de Janeiro: “Uma vergonha com a qual todos nós somos responsáveis”.

O provedor reconheceu, já em declarações aos jornalistas, que o Estado “não pode estar em todos os processos” e sublinhou que, na área social, “tem ao seu dispor uma rede de misericórdias, espalhadas por todos os concelhos, que neste momento desaproveita”.

Também presente na cerimónia, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu, em declarações aos jornalistas, que o salário mínimo é ainda insuficiente.

“É verdade que, se olharmos para o valor absoluto [do salário mínimo], não posso deixar de partilhar o sentimento do senhor provedor de que estamos a falar de uma quantidade de dinheiro ainda insuficiente para permitir uma vida digna”, afirmou.

Manuel Pizarro recordou, contudo, o esforço feito nos últimos cinco anos, “mercê de um acordo em sede de concertação social”, para aumentar o salário mínimo acima da inflação.

A posse dos órgãos da Misericórdia do Porto foi precedida por uma missa a que presidiu o bispo do Porto, Manuel Clemente.

Na homília, o prelado sublinhou o papel social das misericórdias, definindo-o como “a aplicação prática da palavra de Deus”.