4.1.11

Trinta mil pessoas na rua vão custar mais de 50 milhões

por Patrícia Jesus, in Diário de Notícias

Recrutamento começou ontem e continua até 31. Inquéritos são distribuídos em Março.

A partir de 7 de Março, cerca de 30 mil recenseadores vão bater à porta de casa dos portugueses para fazer o recenseamento da população, uma operação que vai custar mais de 50 milhões de euros. São cerca de 175 milhões de páginas A4 - entre questionários e documentos auxiliares - para fazer um retrato de quantos somos, onde e como vivemos e ainda o que fazemos.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), que coordena a operação, o custo por indivíduo recenseado vai rondar os 4,5 euros- o que, a acreditar nas últimas estimativas sobre a população portuguesa, que apontam para dez milhões e 600 mil pessoas, vai fazer a conta chegar aos 48 milhões de euros. Juntando o dinheiro para publicitar a operação, inscrito no orçamento da Presidência do Conselho de Ministros, a factura final deve rondar os 51 milhões. Mais sete do que há dez anos, quando os censos custaram 8,8 milhões de contos, aproximadamente 44 milhões de euros.

Parte significativa irá para pagar ao pessoal necessário: o INE começou ontem a recrutar 18 200 recenseadores, 5200 coordenadores e subcoordenadores de freguesia e cerca de mil delegados municipais e regionais. No total estão envolvidas cerca de 30 mil pessoas - no último censo foram 22 mil.

Os candidatos seleccionados terão ainda de ter dois dias de formação, cerca de 14 horas no total, para trabalharem os dois meses que dura a operação. Os delegados, que trabalham a tempo inteiro, podem receber até 1200 euros por mês, mas o recenseadores, a tempo parcial, receberão conforme os resultados. Um exemplo: um recenseador que fique com uma área com 320 alojamentos, que tenham 590 pessoas, pode receber cerca de 760 euros.

A sua missão vai ser bater a todas as portas para deixar os questionários, a partir de 7 de Março. A identificá-los, um "cartão timbrado Censos 2011/INE, com a identificação e a foto do recenseador, autenticado com o carimbo da Câmara Municipal", explica fonte do INE. Um pormenor que pode ser fundamental para que sejam bem recebidos, mas também para evitar que as pessoas sejam enganadas.

Para encontrar as pessoas em casa, vão bater à porta sobretudo ao final da tarde e ao fim-de-semana. Se ninguém estiver, deixam os questionários e um envelope com os códigos de acesso seguro para resposta na Internet na caixa do correio.

A possibilidade de responder pela Internet é mesmo a grande novidade destes censos. E quando uma pessoa responde online, o recenseador recebe uma mensagem no telemóvel com essa informação, para não passar novamente pela aquela casa.

O período de resposta na Internet é, no entanto, mais curto: começa a 21 de Março, como no papel, e termina a 10 de Abril. A recolha dos questionários em papel começa na segunda semana de Abril, mas ainda será possível responder até dia 24.

Os recenseadores preenchem apenas um dos quatro questionários, o do edifício. Aos restantes - alojamento, família e individual - serão as próprias pessoas a responder. "Caso exista alguma dificuldade, o recenseador poderá ajudar", conclui fonte do INE. Têm também a missão de falar com as populações mais difíceis de recensear, por não terem morada fixa: os sem-abrigo e a população nómada.

Os resultados preliminares devem começar a ser divulgados em Julho deste ano.