in Jornal de Notícias
O economista Paul Krugman, prémio Nobel da Economia em 2008, defendeu hoje, segunda-feira, a emissão conjunta de dívida por parte da União Europeia (as chamadas 'Eurobonds') para reforçar a solidariedade da união monetária, apesar de admitir que são um risco.
"De forma crucial, a falta de integração fiscal faz da moeda única uma proposição dúbia, na melhor das hipóteses. E isso é um problema para o projecto europeu, de forma geral", diz Paul Krugman no blogue "A Consciência de Um Liberal".
"A solidariedade faz-se com medidas económicas que funcionam, não com medidas que não funcionam", refere Krugman, que acrescenta que a quebra da zona euro "poria um amortecedor naqueles sentimentos de solidariedade que deveriam levar o continente, passo a passo, a uma verdadeira federação".
O economista diz, por isso, que "se fosse um líder europeu, estaria muito, muito preocupado, e disposto a aceitar grandes riscos, como a criação de E[uro]-bonds para virar as coisas ao contrário".
Krugman admite ainda que a criação do euro tem tanto de económico como tem de político, num movimento de integração económica que visa ser economicamente produtivo e criar uma "solidariedade de facto", no reforço da união política.
"Mas a estratégia depende de que cada movimento em direcção à integração económica seja um símbolo político e uma boa ideia económica (...) não é claro, de forma alguma, que o euro passe o teste", acrescentou.
A ideia das 'Eurobonds' tem vindo a testar a harmonia política entre os líderes da União Europeia, pelo menos desde que o presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, junto com o ministro italiano das Finanças, defenderam numa carta pública a possibilidade da União Europeia emitir dívida soberana conjunta.
A chanceler alemã Angela Merkel rejeitou de imediato a proposta, a que a opinião pública da Alemanha também se opõe, considerando que seria o Estado alemão a pagar a dívida dos países mais fracos da zona euro.