22.12.11

Barroso condena "interesses instalados" pelo atraso económico português

in Jornal de Notícias

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu, esta quarta-feira, que "em alguns sectores da economia, existem interesses instalados", que são "um factor do atraso económico português".

À margem da cerimónia de doutoramento 'honoris causa', na Universidade Técnica de Lisboa, José Manuel Durão Barroso disse que "em alguns sectores da economia há interesses instalados, interesses que resistem à mudança, que beneficiam de acesso especial ao Estado, de garantias que são dadas por uma legislação de protecção".

Para o presidente da Comissão Europeia, estes interesses instalados são "um factor do atraso económico português, porque quando há sectores fechados, privilégios e interesses que vivem à sombra do Estado, impede inovação, modernização e uma concorrência mais leal".

Em declarações aos jornalistas, Durão Barroso considerou que Portugal está a avançar "no bom sentido", alertando que, no entanto, não há margem para ilusões: "Vai haver um ano difícil em 2012, esperamos que, em 2013, a situação económica comece a melhorar".

"Ainda hoje a Comissão Europeia apresentou uma análise da situação portuguesa, mostrando que se está a avançar no bom sentido, mas sem qualquer ilusão", acrescentou.

Nesse relatório, a Comissão Europeia mostrou-se confiante de que Portugal não irá precisar de mais dinheiro do que o acordado com a 'troika' no programa de ajustamento económico, considerando que as projecções do acordo de ajuda financeira "continuam a ser válidas", apesar de algumas surpresas, como o desvio registado na Madeira.

Mais, a Comissão Europeia considera que uma implementação "rigorosa" do Orçamento do Estado para 2012 garantirá que o objectivo de atingir um défice de 4,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) se concretize.

"Se não houver soberania europeia deixamos a soberania aos mercados, aos agentes económicos que não são sujeitos a qualquer espécie controlo de mercado", alertou Durão Barroso, depois de ter recebido o doutoramento 'honoris causa', realçando que tem que "combinar a soberania nacional com a soberania europeia, partilhar soberania".

Para o responsável, "quando se perde soberania pode também ganhar-se com a soberania dos outros", alertando para "a necessidade da Europa, no seu conjunto, trabalhar com determinação para defender o euro, para defender a estabilidade financeira, porque só assim pode criar crescimento e ter níveis maiores de prosperidade".