27.12.11

BRIC ultrapassam potências da UE até ao fim da década

Por Ana Rita Faria, in Público on-line

O mapa-mundo das maiores economias está a deixar de ser o que era e, na próxima década, ficará com uma configuração bem diferente da actual.

Neste momento, o Brasil é já a sexta maior economia mundial, depois de ultrapassar o Reino Unido. Em breve, os lugares cimeiros da Alemanha e da França serão ocupados por países emergentes como a Rússia ou a Índia.

As previsões foram ontem divulgadas pelo Centre for Economics and Business Research (CEBR), um instituto de pesquisa económica e de negócios britânico. O primeiro sinal da alteração do jogo de forças no palco mundial é o Brasil que, segundo o CEBR, já ultrapassou uma economia desenvolvida - o Reino Unido. Depois de vários anos de crescimento, o valor do produto interno bruto (PIB) brasileiro tornou-se o sexto maior a nível mundial.

Até agora, esse lugar era ocupado pelo Reino Unido, que viu a sua economia cair uma posição no ranking das dez maiores potências, devido ao impacto que a crise financeira de 2008 e a consequente recessão tiveram no país. O Governo britânico já admitiu mesmo a possibilidade de o país voltar a resvalar para uma recessão em 2012, devido ao impacto da crise da dívida, e anunciou que irá reforçar a dose de austeridade.

Um relatório divulgado há alguns meses pelo FMI também já previa que o Reino Unido fosse ultrapassado pelo Brasil ainda em 2011. No início do ano, foi a China que deixou para trás o Japão, tornando-se a segunda maior potência mundial. Agora, novas mudanças avizinham-se.

Segundo as previsões do CEBR, a Europa deverá passar por uma "década perdida", de baixo crescimento, e outros países irão ocupar o seu lugar entre as principais economias mundiais. Em 2020 (ver tabela ao lado), os EUA, a China e o Japão vão manter-se à frente do ranking, mas os lugares seguintes passarão a ser ocupados por países emergentes.

Depois de uma década a vender petróleo e gás à Europa e outros países asiáticos, a Rússia subirá do 9º lugar no top 10 para o 4º. A seguir surge a Índia, que passa do 10º para o 5º lugar, tirando partido da sua "especialização" nas tecnologias e na engenharia. A consequência será a descida no ranking das maiores economias da zona euro - a Alemanha, a França e a Itália, que vão resvalar para o 7º, 9º e 10º lugares, respectivamente.

Brasil tenta fugir à crise

"O nosso ranking mundial mostra que o mapa económico está a mudar, com os países asiáticos e produtores de matérias-primas a subirem no pódio, enquanto a Europa fica para trás", dizia ontem o presidente da CEBR, Douglas McWilliams, citado pelo jornal britânico The Guardian.

A economia brasileira cresceu a bom ritmo nos últimos anos graças ao aproveitamento das suas vasta reservas de recursos naturais e à expansão da classe média, que dinamizou o consumo e o crédito. Em 2010, o país teve o maior crescimento dos últimos 14 anos (7,5%), mas este ano, à semelhança dos outros emergentes, o Brasil está a ressentir-se com a crise nos países desenvolvidos.

A crise da zona euro está a perturbar a confiança nos mercados e o abrandamento económico europeu e norte-americano tem significado uma diminuição da procura de produtos e, sobretudo, matérias-primas produzidas no Brasil ou em outras economias emergentes.

Ontem, um inquérito semanal do banco central brasileiro revelou que os economistas reviram em baixa as previsões de crescimento para o país, apontando para um aumento do PIB de 2,9% este ano. Contudo, o Brasil já está a agir para evitar que este abrandamento se intensifique. Mesmo com uma inflação elevada, o banco central brasileiro decidiu cortar as taxas de juro e o Governo já anunciou medidas para estimular a procura interna, reduzindo impostos e fomentando o crédito.

O Governo espera que a economia recupere rapidamente e cresça pelo menos 4% em 2012. Um crescimento que deverá receber um empurrão dos dois grandes eventos desportivos que o país vai receber em 2014 e 2016: o Campeonato do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos.