por Olímpia Mairos, in RR
Técnicos, dirigentes associativos, académicos, presidentes de câmara e o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional. Vão estar todos em Vila Real à procura de soluções para um problema já antigo.
"As zonas mais rurais do interior do país estão claramente a morrer". O diagnóstico é de Maria do Carmo Bica, membro da direcção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local (Animar), que organiza, esta sexta e sábado, o II Fórum do Interior, em Vila Real.
Reflectir sobre o presente e o futuro do interior de Portugal é o objectivo do II Fórum do Interior, que decorre na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
A Animar quer mobilizar a sociedade para um combate nacional contra o definhamento do interior, afectada pelo despovoamento, envelhecimento e desemprego.
"Tem havido uma sangria populacional enorme", denuncia Maria do Carmo Bica à Renascença. "Os jovens estão todos a sair, a procurar emprego noutros locais, sobretudo no estrangeiro" e para os que ficam resta "o desemprego" e, no caso dos idosos, uma "enorme solidão".
"Tragédia nacional"
Na génese da "sangria" destes territórios estão, segundo a responsável da Animar, a diminuição dos rendimentos das pessoas e as dificuldades no acesso aos serviços públicos, em consequência do encerramento de escolas e tribunais e da introdução de portagens.
Para o combate a esta "tragédia nacional", a Animar quer mobilizar toda a sociedade e oferecer "propostas concretas que possam servir de base para a viragem política que o país precisa com urgência". "Políticas que possam ser usadas pelos partidos na próxima campanha eleitoral e que possam ser usadas pela oposição como bandeira nos seus combates", explica.
O II Fórum do Interior vai juntar técnicos, dirigentes associativos, académicos, presidentes de câmara e o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro.
Diagnóstico feito, faltam soluções
Artur Cristóvão, vice-reitor da UTAD, refere à Renascença que o problema da desertificação do interior tem origem na década de 1950, com o declínio na agricultura e para o qual não têm sido encontradas respostas globais.
"As respostas pontuais promovidas, por exemplo, pelos municípios, a nível de bolsas, apoio à natalidade ou aos casais, não têm conseguido dar uma solução ao problema da perda de população", afirma.
Para este professor universitário, o "diagnóstico está feito". É preciso "que se encontrem caminhos na economia, nas políticas sociais, na agricultura, em todas as áreas, e com o envolvimento das universidades."
Partindo do princípio que "os territórios do interior têm qualidade de vida e acessibilidades", Artur Cristóvão considera que "o salto principal que falta dar é o do trabalho e emprego", concebendo "dinâmicas que permitam criar trabalho, sobretudo para os jovens, que fixem pessoas, que produzam riqueza e que permitam distribuir a riqueza localmente".