5.11.14

Mais de 20% dos portugueses radicados no Luxemburgo vivem em risco de pobreza”

Antero Fernandes Monteiro, in Diário @tual

Há muitos portugueses radicados no Luxemburgo a sofrer com a crise. E agora, ainda muito mais. Os três países fronteiriços França, Alemanha e Bélgica com vai e vem frenético de 170.000 pessoas a entrarem e a saírem do país todos os dias também para trabalharem; contribuem para o caos que se instalou e se constata no momento. Há muitos trabalhadores fronteiriços que depois de terem perdido os seus respetivos trabalhos nos seus países de eleição não hesitam em “vender-se por quatro moedas”.

Quer isso dizer, que aceitam muitas vezes trabalho abaixo do valor estipulado pela lei do ministério do trabalho deste país. Além do mais, essas pessoas até o pão trazem das suas casas que é mais barato que no Luxemburgo. Os cigarros e a gasolina compram onde trabalham, porque como o Iva é apenas de 15% facilita, sobretudo, sendo nos seus países o Iva de 20% e mais. O trabalho no Luxemburgo é cada vez mais escasso e raro, “tal como as minas de ouro que não existem nesta pequena parcela” de terra europeia.

Ora o flagelo ainda se faz mais sentir, sobretudo quando um dos cônjuges que trabalha no pequeno país perde o seu emprego. A renda de casa é um quebra-cabeças para qualquer cidadão, ou pai de família que habita no Luxemburgo. Não há nada no mercado de arrendamento, abaixo dos mil e cem euros mês. Isto é, para um apartamento com apenas um quarto, e sem os condomínios, claro… E como a maioria dos salários dos portugueses não ultrapassam os 1.670 euros mensais, já dá para imaginar o problema endémico.

O próprio governo tendo como Primeiro-Ministro Xavier Betel, não hesitou em dizer para quem quis ouvir que “os portugueses na época de crise atual já não são bem-vindos ao Luxemburgo”. Mas o Primeiro- Ministro Xavier Betel, esqueceu-se de dizer, que se a situação de rendas tão altas chegou a este rubro num ponto tão crucial, foi porque os governos sucessivos do seu país não quiseram travar a especulação imobiliária que já se arrasta há mais de 15 anos sucessivos. Como é possível um apartamento de 100 metros quadrados custar neste pequeno país a soma astronómica de 600.000 euros?

Essa dita soma tão elevada para os tempos que correm, é idêntica àquela que se paga na mesma aquisição de um apartamento em Paris. Portanto, os governos dos passados 20 anos no Luxemburgo, comprometeram e arruinaram a vida da juventude vindoura. Hoje em Luxemburgo, tal como existe em Portugal se não forem os pais a ajudar os filhos tudo é muito complicado.

O que eu desejava deixar no ar como colaborador do jornal aqui neste país, é que os jovens portugueses que desejam emigrar e antes de saírem de Portugal deviam em primeiro lugar pensar duas vezes. O Luxemburgo Já não é o que as pessoas imaginam e vêem na televisão, e que infelizmente não passa de mera ficção. Esse tempo maravilhoso onde corria o leite e o mel de outrora já há muito que morreu, aliás…
Hoje aqui no Luxemburgo, numa população de meio milhão de habitantes, há quase 20% das pessoas que vivem no limiar da pobreza. Portanto, pensem bem antes de deixarem os vossos trabalhos, os vossos amigos, e também as vossas famílias para virem ao encontro daquilo que é só fantasia imaginária nas vossas mentes de pessoas sonhadoras sem terem os pés bem assentes no chão. Eu sei que tem havido alguns emigrantes, uns familiares, outros amigos e vizinhos bastante arrogantes; e também inconscientes sem saberem o mal que provocam a outrem, e que na sua vaidade desmedida têm induzido alguns dos mesmos familiares, amigos e vizinhos em erro. O que eu quero aqui frisar, é que saibam ler entre as linhas, e se possível, sem se deixarem enganar por quem sabe menos que vocês. Não acham que se houvesse trabalho em demasia ou que chegasse no Luxemburgo, o serviço de emigração seria o primeiro a anunciar às pessoas fora das fronteiras?

Se me permitem a expressão e um conselho amigo de um homem com experiência, de alguém que já está há meio século fora de Portugal, é que em suma, vive-se melhor em Portugal com 800 euros mensais do que no Luxemburgo com 3.000 euros. Não se deixem iludir, porque depois quem perdem são vocês. Como eu frisei no princípio do artigo ao dizer que os três países fronteiriços são o principal problema a respeito da mão-de-obra é um facto. Portanto, se essas pessoas não tivessem perdido os seus empregos nos seus respetivos países, o Luxemburgo seria realmente um oásis.

Assim é aquilo que se vê e o que alguns que vieram há procura de trabalho ao Luxemburgo já constataram. Tenham calma que um dia tudo isto irá passar e ser como dantes. Mas até lá, têm que se contentar com aquilo que conseguem perto de casa, e sobretudo com a ajuda da família e de alguns amigos sinceros. Eu sei que ninguém tem o direito de dizer a alguém para não tentar a sua “chance” onde quer que seja no mundo. Mas na nossa vida, que às vezes que selecionar certas e determinadas coisas e escolher as melhores. E claro, às vezes abrir os olhos e fechar a boca. O que quer que aconteça, devemos ser sempre responsáveis das nossas escolhas, sendo grandes nos nossos pensamentos e humildes nas nossas ações. Pois o que eu vos desejo é que sejais todos muito felizes, “mesmo com estas águas turbas que pairam no ar”. A prevenção e a reflexão de cabeça fria, são as coisas que nos podem evitar alguns problemas e muitas dores desagradáveis de cabeça, e tempo perdido. Depois, quando passar a tempestade é tempo de voar para outros horizontes. Por conseguinte, não se esqueçam que Deus dá o tempo de graça e atrás de tudo isso, outros momentos felizes chegarão.

Os Sindicatos dizem que o pacote social é injusto no Luxemburgo

Os dois sindicatos OGB-L e LCGB classificam as medidas de poupança anunciadas pelo Governo de Xavier Bettel como “socialmente injustas”, enquanto a União Luxemburguesa dos Consumidores as considera “uma nova bofetada aos consumidores”.

“O pacote de medidas de poupança do Governo é socialmente injusto e um erro do ponto de vista económico”, critica o presidente do OGB-L, Jean-Claude Reding, denunciando em particular a nova contribuição para a infância, de 0,5%. Para o LCGB, a política do executivo de Bettel prejudica “a população ativa, os jovens e os reformados”. O sindicato social-cristão também questiona o fim do subsídio de maternidade e de educação, lamentando a “deterioração da situação dos agregados monoparentais” e com as crianças.

A ULC também não poupa críticas ao Orçamento de Estado apresentado pelo Governo. Para a ULC, são “novamente os salários médios que vão pagar a fatura”.

A ULC diz que os consumidores “vão ser enganados” pelos aumentos do IVA e pela contribuição de 0,5%. O organismo luxemburguês de proteção dos consumidores teme também que o aumento do IVA para 17% na compra de uma segunda casa prejudique o mercado de arrendamento e os locatários. Uma crise secundária pela Federação dos Artesãos, que teme que no futuro sejam construídas menos casas para arrendar no Luxemburgo. A União das Empresas luxemburguesas (UEL) diz que as medidas do Governo vão custar ao patronato entre 200 a 250 milhões de euros, com a redução das margens de lucro, devido ao aumento do IVA, a indexação automática dos salários e a redução da comparticipação do Estado na formação profissional e na Mutualidade dos Trabalhadores. Apesar disso, a UEL aprova as medidas do Governo para sanear as contas do Estado. “ O Governo deu um primeiro passo importante para reformar o país”, disse Paul Wurth, presidente da UEL.