9.2.18

Japão prepara idosos para um futuro próximo em que serão cuidados por robôs-enfermeiros

Gustavo Sampaio, in Negócios on-line

Perante o envelhecimento da população e antecipando um défice de 370 mil elementos na força de trabalho de enfermagem até 2015, o Governo do Japão aposta no desenvolvimento de robôs que preencham esse vazio e promove a aceitação da tecnologia pelos mais idosos.

À medida que a sociedade japonesa envelhece e tendo em conta a previsão de um défice de 370 mil prestadores de cuidados a idosos até 2025, o Governo pretende aumentar a aceitação da comunidade em relação à tecnologia que poderá preencher esse vazio na força de trabalho de enfermagem. Ou seja, o Governo do Japão quer que os idosos se habituem à ideia de serem tratados por robôs.

De acordo com o jornal britânico “Guardian”, os fabricantes têm focado os seus esforços em produzir dispositivos robotizados simples que ajudam a levantar idosos da cama e a sentá-los em cadeiras de roda, ou que facilitam o seu acesso a casas-de-banho, entre outras valências. Mas o Governo do Japão aponta para um horizonte mais amplo de potenciais aplicações e, recentemente, definiu como prioridade o fabrico de robôs que consigam prever quando é que os pacientes necessitam de utilizar a casa-de-banho.

Segundo Hirohisa Hirukawa, diretor do departamento de investigação sobre inovação robótica no National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (Japão), os objetivos são aliviar a carga de trabalho da força de trabalho de enfermagem e aumentar a autonomia dos idosos que ainda vivem nas suas casas. “A robótica não pode resolver todas estas questões. No entanto, a robótica será capaz de fazer uma contribuição em algumas das dificuldades”, afirma Hirukawa.

O mesmo Hirukawa disse que os robôs que levantam idosos da cama ainda só estão a funcionar em cerca de 8% das casas de repouso para idosos no Japão. Isto em parte deve-se aos custos inerentes, mas também “à mentalidade das pessoas que lideram o setor de prestação de cuidados, segundo as quais esse tipo de cuidados têm que ser prestados por seres humanos”, criticou Hirukawa. “Da parte dos que recebem cuidados, claro que inicialmente haverá resistência psicológica”.