21.2.18

Mais bombardeamentos em Ghouta Oriental: "Isto é um massacre", diz médico

in Diário de Notícias

Já morreram 200 civis desde domingo, incluindo dezenas de crianças. ONU diz que a situação "está fora de controle" e exige um cessar-fogo imediato

O regime sírio prosseguiu hoje os bombardeamentos contra o bastião rebelde de Ghouta Oriental matando pelo menos 50 civis, 13 dos quais crianças, elevando a quase 200 os mortos em três dias. "Estamos perante o massacre do século XXI", disse um médico que está na região.

Os números são da organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos e referem-se apenas às vítimas civis registadas desde domingo naquele enclave da oposição a leste de Damasco, alvo de uma ofensiva do regime desde 05 de fevereiro.

Segundo o Observatório, os bombardeamentos das forças sírias em Ghouta Oriental fizeram 17 mortos no domingo, 127 na segunda-feira e 50 hoje.
No mesmo período, cerca de 850 pessoas foram feridas.

Com 127 mortos e 450 feridos, segunda-feira foi, segundo o Observatório, o dia com mais perdas civis naquela região desde o princípio de 2015.

O intenso bombardeamento da zona visa aparentemente abrir caminho a uma ofensiva terrestre que permita ao regime recuperar o controlo da zona, nas mãos dos rebeldes desde 2012.

Cinco hospitais também foram bombardeados na segunda-feira no leste de Ghouta e dois hospitais foram obrigados a suspender as operações e um outro ficou fora de serviço.

"Estamos perante o massacre do século XXI", disse um médico a operar no leste de Ghouta. "Se o massacre da década de 1990 fosse Srebrenica e os massacres da década de 1980 fossem Halabja e Sabra e Shatila, então o leste de Ghouta é o massacre deste século", afirmou, citado pelo The Guardian.

"Existe terrorismo maior do que matar civis com todo o tipo de armas? Isto é uma guerra? Não, a isto chama-se massacre ", disse o médico, que referiu estar em choque com o que está assistir, como crianças "de apenas um ano" com os pulmões cheios de areia, e dezenas de outras mortas nos últimos ataques.

A ONU disse que a situação está "a ficar fora de controlo" e exigiu o cessar-fogo imediato para permitir que a ajuda humanitária seja entregue e que centenas de civis gravemente doentes e feridos sejam evacuados, de acordo com a BBC.