9.2.18

Crimes contra idosos, um "incêndio silencioso e invisível"

in TSF

Dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) demonstram que os crimes contra idosos têm vindo a aumentar de ano para ano.

Na véspera do debate no Parlamento de projetos de lei do CDS-PP e do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) que visam o agravamento das penas dos crimes cometidos contra idosos e criminaliza um conjunto de condutas praticadas contra pessoas especialmente vulneráveis, este foi o tema discutido no Fórum TSF desta quinta-feira.

André Silva, do PAN, diz que "o Estado não pode demitir-se destas funções por alegada falta de meios".

O Partido Ecologista os Verdes pede ainda que haja um reforço da fiscalização aos lares de idosos.

É preciso "garantir o bem-estar dos utentes e que existem estímulos para um envelhecimento ativo", pede Heloisa Apolónia.

Do lado do CDS, a deputada Vânia Dias da Silva sublinhou a necessidade de criminalizar o abandono intencional de idosos em hospitais ou outras instituições.

"Muitos idosos são deixados nos hospitais à sua sorte porque a família simplesmente não quer saber", condena.

O presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) diz que o que se vai sabendo é apenas a ponta do iceberg. Nos últimos anos os pedidos de ajuda têm aumentado.

A violência contra os idosos assume várias formas, alerta João Lázaro, como a violência financeira ou a "infantilização".

Para Cristina Cunha, da linha SOS Pessoa Idosa, a solução não passa apenas pela criminalização. É preciso uma estratégia que envolva toda a sociedade, defende.

"Aquilo que nós estamos a assistir é um incêndio silencioso e invisível. Existe uma enorme violência contra idosos, mas não está sinalizada."

Dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), citados pelo CDS-PP, demonstram que, entre 2013 e 2016, os crimes contra idosos aumentaram cerca de 30%, sendo que o relatório de 2016 demonstra um aumento de 3,3% neste tipo de crimes, face a 2015.

Segundo as mais recentes projeções do INE relativamente à população residente em Portugal, entre 2015 e 2080, o número de idosos passará de 2,1 milhões para 2,8 milhões e o índice de envelhecimento só tenderá a estabilizar em 2060.

As mesmas projeções apontam para um agravamento do índice de envelhecimento, que poderá mais do que duplicar entre 2015 e 2080, passando de 147 para 317 idosos por cada 100 jovens.