6.11.18

Mulheres recebem menos 58 dias de trabalho remunerado que os homens

in RR

Feitas as contas, seria como se a partir de hoje as mulheres deixassem de ser remuneradas, enquanto os homens continuavam a receber salário até ao final do ano.

O salário médio das mulheres é inferior em 15,8% ao dos homens, o que corresponde a uma disparidade de 58 dias de trabalho remunerado e uma diferença salarial de 157,1 euros por mês, em desfavor das mulheres, segundo dados de 2016.

Este domingo, assinala-se o Dia Nacional da Igualdade Salarial, uma data simbólica que traduz em dias de trabalho pago a disparidade salarial de género
Dados apurados pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social mostram, também, uma disparidade no ganho médio mensal, que chega aos 19,1%, o equivalente a uma perda média de 232,6 euros por mês para as mulheres.

Apesar de registar um decréscimo desde 2012, o indicador de disparidade salarial de género em Portugal continua acima da média europeia, com uma diferença de 1,3%.

O mesmo relatório, da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), adianta ainda que é entre as trabalhadoras com níveis de qualificação mais elevados, que mais se nota a desigualdade.
Mulheres de quadros superiores recebem em média menos 26,2% da remuneração base dos homens e mulheres doutoradas recebem menos 23,1%.

Apesar de trabalharem maioritariamente a tempo inteiro, as mulheres continuam a assegurar a maior parte do trabalho doméstico, uma tendência que limita as condições de progressão na carreira, concorrendo, por isso, para a desigualdade salarial de género.

De acordo com o Inquérito Nacional aos Usos do Tempo, as mulheres dedicam, em média, mais 1h40 por dia ao trabalho doméstico e de prestação de cuidados do que os homens
Outras causas apontadas pela CITE para a desigualdade salarial são também a segregação horizontal e vertical do mercado de trabalho e as tradições e estereótipos sobre os papéis de género.