22.11.18

Mulher e filho deficiente foram despejados de sua casa

por Diogo Barreto , in Sábado

Clara tem três rendas por pagar e um filho com uma deficiência de 100%. Diz que o dinheiro não chega e que não sabe a quem mais recorrer. Tem 15 dias para sair de casa.

Uma mulher com um filho deficiente recebeu ordem de despejo da sua casa em Vila do Conde e tem 15 dias para sair de casa. Clara está de baixa desde Junho porque não tem ninguém que cuide do filho, Pedro, de 17 anos e com 100% de incapacidade.

Clara recebeu uma ordem de despejo e está sem dinheiro para fazer face às despesas e sem família para a ajudar. O pai do menor está emigrado depois do casal se ter divorciado, há quatro anos. Os irmãos de Clara estão emigrados. A mulher vive com o filho que não vê, fala, ouve e que tem de ser alimentado por uma sonda. "Só queria um lugar para acolher o Pedro para eu poder ir trabalhar", explicou ao Jornal de Notícias.
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A mulher vive com o filho de 17 anos num apartamento em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde. Até Junho, o jovem esteve no Kastelo - Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos, em regime ambulatório.

Agora, o jovem foi encaminhado para o MADI - Movimento de Apoio ao Diminuído Intelectual, mas fica só aqui "de segunda a sexta", das 9h às 17h. Clara trabalha num restaurante no Aeroporto Francisco Sá Carneiro das 9h às 16h e diz que os horários do filho não permitem que trabalhe, o que a levou a pôr baixa, passando a receber 400 euros, aos quais se acrescentam 300 do abono do filho e 150 de pensão de alimentos.

"O Pedro precisa de um lar. Pode ser só durante o dia, mas aos sábados, domingos e feriados é quando trabalho mais. Não posso estar de folga", explicou a mãe ao jornal.

Segundo as contas apresentadas, Clara gasta 370 de renda de casa, 400 para fraldas, seringas, medicação e alimentação específica para o Pedro, mais água, luz, gás. A mulher diz que nem mesmo com muita "ginástica" o dinheiro chega. A família já tem três meses de renda em atraso e uma ordem de despejo.

O caso de Clara e do filho está a ser acompanhado pela Rede Local de Intervenção Social da Segurança Social que apresentaram um recurso ao fundo de emergência municipal, mas o mesmo foi recusado por a mulher viver há menos de dois anos no conselho.