B.S., in Jornal Público
O director do Centro Regional de Alcoologia do Sul percorre cada uma das quatro enfermarias destinadas aos homens (há outra onde ficam internadas as mulheres). Estão sobrelotadas. Não foram com toda a certeza concebidas para albergar seis camas cada, como acontece agora. "Um certo ganho de espaço só nos ajudaria", reconhece Domingos Neto.
Mas há uma outra coisa - para além do aumento em 20 por cento da capacidade do centro regional - que o médico aponta, sem hesitar, como prioritária: clínicas convencionadas (com o Estado) para tratamento de doentes alcoólicos. "Se partirmos do princípio de que a integração dos centros de alcoologia no Instituto da Droga e da Toxicodependência cria uma rede nacional de atendimento, então a segunda prioridade é fazer convenções com instituições privadas e IPSS para o doente alcoólico ser atendido no país todo", defende.
Um estudo epidemiológico, a nível nacional, que permita caracterizar os hábitos de consumo de álcool dos portugueses é, por seu lado, o que o director do Centro Regional de Alcoologia do Norte, Rui Moreira, considera indispensável. E, uma vez actualizados os números, "definir estratégias que vão ao encontro das áreas onde os problemas assumem valores mais preocupantes".
Esse levantamento seria também de grande utilidade, diz ainda, para identificar os indivíduos com problemas e poder tratá-los o mais rapidamente possível, "de preferência na proximidade da sua residência".
Augusto Pinto, que dirige o Centro Regional de Alcoologia do Centro, junta à necessidade de aumento da capacidade de resposta dos serviços e de consciencialização da população a exigência de uma "política clara de redução da oferta de álcool".
Com mais restrições no que diz respeito aos locais de venda, ao preço, à publicidade e ao acesso às bebidas alcoólicas. Portugal, França e Itália são de resto, lembra, os únicos países da Europa que permitem comprar álcool logo a partir dos 16 anos.