Miguel Marujo, Fátima Missionária
No contexto da UE, desigualdade de rendimentos do país é a mais alta de todos os estados
“A pobreza assume em Portugal uma incidência muito preocupante, atingindo mesmo um dos valores mais elevados, no contexto da União Europeia”, avisa a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), num texto preparatório da sua Conferência Nacional sob o lema “Por um Desenvolvimento Global e Solidário – Um Compromisso de Cidadania”, que decorre sexta e sábado, em Lisboa.
Num documento que apresenta a “Caracterização e evolução da pobreza em Portugal”, a partir dos dados do Eurostat – e disponibilizado na terça-feira no site da CNJP, da responsabilidade do seu Grupo de Trabalho “Economia e Sociedade” –, lê-se que em Portugal, cerca de 20 por cento das pessoas (qualquer coisa como dois milhões dos seus habitantes) detinham, em 2005, um rendimento disponível familiar equivalente, depois das transferências sociais, abaixo dos 60 por cento da mediana nacional.
Esta taxa de risco de pobreza, segundo o Eurostat, é apenas ultrapassada pela da Polónia e da Lituânia (21 por cento), e igual às da Irlanda, Grécia e Espanha. A elevada taxa de pobreza registada em Portugal está associada “a uma desigualdade de rendimentos, que é a mais alta de todos os países da [União Europeia]” a 25 (os dados não se reportam à totalidade dos 27 países da UE).
“A persistência das situações de pobreza e a necessidade de repensar o sistema de protecção social, bem como as políticas sociais, de forma a torná-los mais eficazes na correcção e prevenção da pobreza”, e ainda “a pobreza infantil [que] assume uma incidência muito elevada, hipotecando o futuro das crianças” são das principais preocupações da CNJP.
Por tudo isto, refere a presidente do organismo, Manuela Silva, em comunicado divulgado esta quarta-feira, “não é tolerável que em Portugal persistam níveis de pobreza tão elevados como presentemente sucede e que o crescimento económico que o País tem conhecido ao longo dos anos não tenha servido para melhorar as condições de vida de cerca dos 20 por cento da população cujos rendimentos ficam abaixo do limiar de pobreza”.
Como já noticou “Fátima Missionária”, esta Conferência Nacional da CNJP é um primeiro passo concreto para erradicar a pobreza, defende a organização. Mais informações.