R.A.C., in Jornal Púbico
Os números avançados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) foram especialmente influenciados pelo fecho das multinacionais Yazaki Saltano e Alcoa Fujikura e pelo abrandamento da produção na Johnson Control, no início de 2007.
A fábrica da Yazaki Saltano em Ovar, dedicada ao fabrico de cablagens para o sector automóvel, em particular, para o Toyota Corolla, fechou portas em Janeiro.
Inicialmente, o grupo japonês previa extinguir 533 postos de trabalho, mas conseguiu integrar 105 colaboradores nas três restantes unidades que detém em território nacional. No final do processo, 428 pessoas perderam o emprego. A empresa escolheu a Bulgária para relocalizar a sua actividade fabril. Até 2010, a Yazaki vai investir 32 milhões de dólares (perto de 23,7 milhões de euros) numa unidade que vai empregar 2685 pessoas.
Março marcou o encerramento da fábrica da Alcoa Fujikura. Há 38 anos em Portugal, a multinacional norte--americana decidiu mudar a produção para a Hungria, o que levou ao despedimento colectivo de cerca de 480 trabalhadores. A unidade localizada no Seixal também se dedicava à produção de cablagens para o sector automóvel e tinha como único cliente em Portugal a Autoeuropa, detida pelo grupo Volkswagen.
Este ano, estão previstos mais encerramentos. A empresa de estofos para automóveis Johnson Control, que começou a despedir trabalhadores da fábrica de Nelas em Janeiro, fecha definitivamente as portas em Julho. E muitas outras vivem diariamente sob a ameaça de extinção.
Em Santa Maria da Feira, 1300 pessoas esperam a decisão da administração da multinacional de calçado Rohde quanto ao destino dos seus postos de trabalho. O grupo contraiu uma divida de 100 milhões de euros e está em negociações com a banca alemã, mas as previsões não são animadoras. Também a Lear Corporation, empresa de componentes automóveis e fornecedora da Autoeuropa que tem vindo a reduzir a sua presença industrial em Portugal a favor do Leste, vai fechar a sua fábrica de Valongo. Já em 2005, o grupo norte-americano havia encerrado a unidade de Póvoa do Lanhoso, colocando perto de 800 pessoas no desemprego.
Além das multinacionais, os primeiros meses de 2007 ficaram também marcados por encerramentos nacionais, especialmente do sector têxtil e electrónico e no Norte do país, levando ao desaparecimento de cerca de 170 postos de trabalho.