Nuno Neves, in Jornal de Notícias
Continente africano é claramente o mais afectado por problemas de subnutrição. A ajuda às crianças é prioritária
Actualmente, uma em cada sete pessoas não tem comida suficiente. É com este cenário como pano de fundo que hoje se realiza a segunda edição da Marcha Alimentar contra a fome, uma iniciativa do Programa Alimentar das Nações Unidas. Ao todo vão estar envolvidas 365 cidades de todo o mundo. Portugal contribui com quatro Lisboa, Porto, Coimbra e Angra do Heroísmo.
Os últimos dados relativos à fome mundial apontam para um universo de 850 milhões de pessoas no mundo inteiro, sendo muitas destas (300 milhões) crianças. O continente mais atingido pela falta de alimentos é África, com perto de 210 milhões pessoas, segundo dados fornecidos pelo Programa Alimentar das Nações Unidas.
As piores regiões são também africanas África Central e África Oriental, com 58 e 38% da população em risco, respectivamente. Os países com situações mais extremas encontram-se em África e no Médio Oriente: a República Democrática do Congo encontra-se, segundo os últimos dados, com cerca de 71% da população com falta de alimento (35 dos 49 milhões de pessoas está em estado considerado grave); no Afeganistão, dos 21 milhões que compõem a população do país, 70% têm falta de alimento.
"Bastam 27 euros (equivalente a três inscrições na Marcha) para alimentar e educar uma criança por ano dentro do Programa Alimentar das Nações Unidas", afirmou o responsável pela organização portuguesa da Marcha Alimentar contra a fome, Fernando Melo.
No ano passado, no nosso país, a iniciativa conseguiu reunir 7500 pessoas e angariar 75 mil euros, objectivos a ultrapassar este ano "Queremos mobilizar cerca de 20 mil pessoas em Portugal, para angariar 200 mil euros, destinados a projectos escolares e alimentares na Tanzânia", justificou Fernando Melo.
A nível mundial, a Marcha Alimentar contra a Fome conseguiu reunir, no ano passado, perto de 760 mil pessoas, de 118 países e 420 cidades percorreram uma distância total de mais de um milhão de quilómetros, o equivalente a 25 voltas à terra.
Segundo dados cedidos pelas Nações Unidas, a disponibilização de refeições grátis nas escolas aumenta em 100% a taxa de assistência às aulas, pelo que o apoio a este tipo de iniciativas é "fundamental", frisou Fernando Melo. A falta de alimentos leva, também, a que 219 milhões de crianças em todo o mundo com menos de cinco anos não desenvolva o seu potencial intelectual, segundo um estudo publicado em Janeiro, na revista britânica "The Lancet".