Milhares marcharam contra a fome no mundo

Clara Vasconcelos, in Jornal de Notícias

Cerca de 10 mil pessoas marcharam contra a fome em Lisboa, Porto, Coimbra e Angra do Heroísmo, nos Açores. A quarta edição portuguesa desta iniciativa do Programa Alimentar das Nações Unidas atingiu as expectativas. No ano passado, a marcha rendeu cerca de 60 mil euros, e juntou perto de seis mil participantes. Este ano, Fernando Melo, promotor da marcha portuguesa e responsável da empresa de transportes expresso que a organiza, queria atingir as 10 mil pessoas e angariar 100 mil euros. Com apenas três participantes, a dez euros cada um, é possível "alimentar e educar uma criança durante um ano", como fez questão de frisar.

Em Lisboa, a marcha partiu da Torre de Belém e terminou nas Docas, em Alcântara. Desta vez, não contou com a participação especial de António Guterres, o Alto Comissário para os Refugiados, como aconteceu no ano passado. Mas reuniu (só em Lisboa) cerca de cinco mil pessoas. Com bonés e t-shirts brancas e laranja, velhos e novos percorreram cerca de cinco quilómetros, numa manifestação de solidariedade para com os quatro milhões de pessoas que morrem de fome, em cada ano.

Maria do Rosário Amaro e Maria Laurinda Silva têm 76 e 73 anos, respectivamente. Participaram nesta marcha pela primeira vez, mas são useiras e vezeiras em manifestações de solidariedade deste género. "Ainda na semana passada, estivemos no Parque das Nações, na marcha contra o Cancro", contam.

"Só espero é que o dinheiro siga direitinho para quem dele precisa", diz Laurinda, temendo que as verbas possam ficar retidas em mãos erradas.Fernando Melo sossega estes receios, lembrando que o dinheiro será entregue ao programa das Nações Unidas, que, este ano, o vai reencaminhar para a Tanzânia, África.