in Diário Digital
A directora executiva do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) considerou hoje que a presidência portuguesa da União Europeia terá uma «difícil tarefa» no apoio ao combate à pobreza e à SIDA.
«Para nós é muito importante que Portugal, através da presidência da UE, apoie os objectivos do milénio, como o combate à pobreza, promoção da saúde materna e emancipação da mulher, prevenção e tratamento da SIDA e do meio ambiente», disse Thoraya Ahmed Obdai em entrevista à Agência Lusa.
Para a directora executiva do FNUAP, estes objectivos são «adoptados internacionalmente», sendo por isso importante que a presidência portuguesa da UE apoie tais desígnios.
«É isso que está nos planos de Portugal, mas é uma grande tarefa», adiantou.
Thoraya Ahmed Obdai, que está à frente do FNUAP há sete anos, salientou que questões como a SIDA, pobreza e direitos das mulheres serão necessariamente abordadas na Cimeira UE/África, cuja realização está prevista para a presidência portuguesa da UE no segundo semestre deste ano.
«Quando os europeus se reunirem com os líderes africanos terão de falar da pobreza e da SIDA», sustentou.
«A SIDA não mata apenas pessoas, mas está também a gerar pobreza. Quem morre de SIDA? Jovens que poderiam trabalhar. Isto é desde logo um problema económico», sublinhou.
A imigração, outro assunto que estará em destaque durante a presidência portuguesa da UE, é uma das preocupações do FNUAP, que trabalha em «estreita colaboração» com a Organização Internacional das Migrações (OIM).
A saudita Thoraya Ahmed Obdai alertou para o crescente número de mulheres e jovens, muitos deles órfãos, que estão actualmente a imigrar.
«Cada vez mais se verifica que mulheres e jovens estão a imigrar sem as respectivas famílias», disse, destacando casos de «mulheres traficadas».
«Muitas são vítimas de tráfico humano e como não têm qualquer documento, tornam-se prostitutas», acrescentou.
A mesma responsável considerou que «Portugal está entre os poucos países que criaram programas para a integração dos imigrantes», mas chamou a atenção para os problemas relacionados com as dificuldades de legalização de trabalhadores estrangeiros.
A saudita defendeu que a Europa, nomeadamente Portugal, devia apoiar os países de origem na luta contra a pobreza para que os mais desprotegidos não tenham de procurar um futuro melhor em terra alheia.
De acordo com Thoraya Ahmed Obdai, os países de acolhimento deveriam ainda criar condições para que todos os imigrantes tenham acesso à saúde e à educação.
O papel do FNUAP na área da imigração consiste em informar os países de origem sobre os fluxos migratórios e sobre os direitos dos imigrantes, além de promover o diálogo entre vários países sobre o problema.
A directora executiva do FNUAP esteve quarta-feira em Portugal, onde assinou com o governo português um acordo de cooperação para o desenvolvimento de projectos nas áreas de saúde materna e infantil e saúde sexual e reprodutiva nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste.
No âmbito do acordo, Portugal vai financiar os projectos do FNUAP e enviar peritos portugueses para os PALOP e Timor-Leste para trabalhar nesses programas.
O valor que Portugal vai disponibilizar para este protocolo ainda não está definido, mas a directora executiva do FNUAP adiantou que o Estado português atribui anualmente à instituição cerca de 75 mil euros.
De acordo com Thoraya Ahmed Obdai, em Timor-Leste o principal problema é a saúde materna, sendo por isso essencial dar formação e apoiar médicos, enfermeiros e parteiras, além de ensinar as mães a cuidar dos filhos.
Em Moçambique, o programa vai ser desenvolvido junto dos jovens com campanhas de prevenção da SIDA.
Criado em 1969, o FNUAP é um órgão de apoio à assembleia das Nações Unidas e é a principal agência internacional de cooperação em matéria de população.