Alexandra Inácio, in Jornal de Notícias
Bianca Araújo, nove meses, José Gomes, cinco anos, Admilson Vasconcelos, 11 anos, Sílvia Torgai, um ano feito precisamente ontem. Quatro crianças cujos pais são oriundos de Brasil, Guiné, São Tomé e Moldávia e que desde ontem têm em comum não só o território onde nasceram - Portugal - como a mesma nacionalidade. Para os progenitores, ouvidos pelo JN, o reconhecimento dessa condição é um "direito" que conquistaram para os filhos.
Bianca, José, Admilson e Sílvia são quatro dos 324 "novos portugueses", assim designados ontem pelo primeiro-ministro, que numa cerimónia, no mosteiro dos Jerónimos, tão multicultural como Babel, lhes deu as boas-vindas a um "país mais pobre". Uma 'gaffe' rapidamente corrigida por José Sócrates.
A maioria dos "novos portugueses" são crianças nascidas no país. Entre birras, sorrisos, correrias de miúdos e palmas de graúdos, o primeiro-ministro insistiu que a nova lei de nacionalidade é a afirmação de uma sociedade plural e inclusiva. E que as suas adesões tornam Portugal "um país mais justo e evoluído" (não "pobre").
"A partir de hoje cada um de vós é um de nós", afirmou. Desde Dezembro "mais de cinco mil pessoas manifestaram interesse" em tornar-se portugueses. "É um movimento que está em marcha", classificou Sócrates.
Jussara Moraes, Abílio Gomes, Quintiliano Vasconcelos e Alexandre Torgai vieram para Portugal na busca de uma vida melhor. Para os quatro a nacionalidade portuguesa, ou melhor "europeia", representa "enormes vantagens" de mobilidade no mundo do trabalho e no dos direitos também. Afinal, "um estrangeiro tem sempre menos direitos do que um nacional". Das mãos de José Sócrates ou dos ministros da Presidência, Justiça ou Educação receberam, ainda, uma bandeira nacional e um exemplar da Constituição Portuguesa.