11.5.07

Portugal desceu dois lugares para 39.º lugar na tabela da competitividade mundial

Natália Faria, in Jornal Público

Instituto suíço prevê aumento das tensões económicas e diz que a Europa e os EUA adoptarão medidas proteccionistas perante a "ameaça" da Índia, Ásia e alguns países da ex-URSS


Portugal está menos competitivo no xadrez económico mundial. Desceu dois lugares, de 37.º para 39.º, na tabela da competitividade, elaborada pelo Institute for Management Development (IMD) - os Estados Unidos continuam líderes. A queda portuguesa foi acompanhada por descidas também da Itália, Espanha e França, num cenário que, somado ao galopante crescimento das "economias emergentes", leva o IMD a temer o aparecimento de um "proteccionismo subtil" na Europa e nos EUA.
A descida portuguesa neste ranking de 55 países foi desvalorizada por Carlos Zorrinho, coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico. "Portugal desceu porque entrou um novo país no ranking com melhores indicadores, a Lituânia, e porque, entre os países avaliados, somos os que estamos a crescer menos", argumentou Zorrinho, sustentando que "o país criou condições de competitividade que ainda não estão reflectidas no crescimento económico".

Este responsável prefere sublinhar o facto de Portugal ter subido 12 posições no índice de qualidade de governação. "A prazo, isso vai reflectir-se no crescimento económico."

Zorrinho diz mesmo que alguns indicadores são "manifestamente inadequados" para avaliar a realidade portuguesa. "A medição do custo da Internet de acesso por dial up é completamente obsoleta, porque essa tecnologia já só é usada em 15 por cento dos lares portugueses."

No tocante à eficiência empresarial, a tabela do IMD não regista grandes oscilações. E, mais uma vez, Zorrinho acredita ter havido melhorias que não estão espelhadas na tabela. "A avaliação é feita por inquérito e a apetência das empresas portuguesas para responder a estes inquéritos não é muito alta".

O estudo do IMD mostra que, além de Portugal, países como a França (28.º lugar), Itália (42.º) e Espanha (30.º) também perderam terreno face aos EUA. Por outro lado, Singapura (2.º lugar), Hong Kong (3.º), China (15.º) e Índia (27.º) aproximam-se a alta velocidade da primeira potência mundial. O mesmo em relação a alguns países da ex-URSS. A Rússia, por exemplo, embora em 43.º lugar, registou a progressão mais rápida do mundo.

"Estes factores podem conduzir ao aumento das medidas proteccionistas na Europa e nos EUA", alertam os autores do relatório (disponível em www.imd.ch), onde se lê que "os países industrializados não vão tolerar a perda de "jóias económicas" para os países emergentes sem luta".

O IMD prevê que o "novo proteccionismo" adoptará formas mais subtis que no passado, incidindo em áreas como a protecção ambiental, a propriedade intelectual e os direitos sociais. Neste cenário, o instituto teme que mais empresas filiadas na Organização Mundial do Comércio incorram em práticas anticoncorrenciais. "A partir de 2007, as relações económicas serão mais tensas do que nunca, à medida que as economias emergentes comecem a desafiar a ordem estabelecida para a competitividade mundial", conclui o IMD.