Helena Norte, in Jornal de Notícias
Cada vez mais endividadas mas a viver com maior conforto. Na grande maioria dos lares das famílias portuguesas, não faltam os principais electrodomésticos, à excepção da máquina de lavar louça. O que continua a ser um luxo acessível a poucos é o sistema de aquecimento central e, ainda menos, o ar condicionado.
Com a taxa de juro do crédito à habitação em tendência crescente, as dívidas das famílias continuam a aumentar. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, referentes a Fevereiro passado, confirmam o que todos já sentiam no bolso as taxas de juro agravaram-se, face ao mês anterior, prolongando a tendência verificada desde Dezembro de 2005.
Face aos aumentos constantes da prestação da casa, não admira que os portugueses estejam menos interessados em comprar automóveis, mobiliários, electrodomésticos, artigos de informática e bricolage, conforme apurou o estudo Observador Cetelem, referente às perspectivas de consumo para este ano.
Se agora os portugueses estão menos motivados para comprar, a verdade é que não foi sempre assim. Nos últimos anos, os principais electrodomésticos generalizaram-se nas casas portuguesas, revela o estudo Consumidor da Marktest.
Com uma cobertura de 100%, o frigorífico é o mais universal dos aparelhos domésticos. Logo a seguir, aparece o fogão, presente em 99,8% dos lares. A máquina de lavar roupa também está na quase totalidade das casas portuguesas (97,8%), mas o televisor goza ainda de maior popularidade (99,6%). O microondas tornou-se indispensável em 70% dos lares, enquanto a máquina de lavar loiça está em menos de metade das famílias.
Se os electrodomésticos se generalizaram, o mesmo não se pode dizer sobre outros indicadores de conforto. Apenas 13% dos lares dispõem de sistemas de aquecimento central e 9% de ar condicionado. No que respeita ao lazer, o videogravador e o leitor de DVD estão presentes em cerca de 60% das casas portuguesas.
O computador ainda não chegou a metade das famílias portuguesas, embora se tenha assistido a um aumento de 15% no espaço de quatro anos.
De acordo com dados do INE, referentes ao primeiro trimestre de 2006, 45% dos lares dispunham de computadores e 35% estavam ligados à internet. As ligações domésticas à internet registaram, entre 2002 e 2006, uma subida média anual de 25%, sendo que a banda larga conheceu o aumento ainda mais expressivo (47%).