in Jornal Público
No estudo preliminar de 2005, os autores realçavam os valores religiosos ou "motivados pelo facto de a parceira ter já atingido a menopausa" para justificar a fraca adesão dos idosos ao preservativo. "Outra causa diz respeito a violência doméstica na vida conjugal. Esta realidade propicia encontros sexuais anónimos e o recurso à prostituição, o mesmo sucedendo em situação de viuvez, sobretudo nos homens", referia ainda o documento. Saraiva da Cunha, especialista em doenças infecciosas, acrescenta ainda o factor da iliteracia na população idosa portuguesa como obstáculo ao acesso a informação.
A infecção VIH/sida na população com mais de 50 anos - Análise estatística da população com mais de 50 anos infectada em Portugal foi o título do trabalho levado a cabo pelos enfermeiros António Dias, Sara Fonseca, Pedro Renca e Elsa Silva.
Baseados em dados do Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis, divulgados a 30 de Junho de 2005, os autores verificaram que "quer em 2002, quer em 2003 o número de casos de sida nos idosos com mais de 65 anos de idade foi superior ao número de casos de sida na década de 1983-93". "Podemos assim concluir que existe uma tendência evolutiva crescente dos casos de Sida no grupo etário com mais de 50 anos de idade com especial evidência para grupos etários superiores (dos 60 aos 64 anos e mais de 65)", observaram, notando que "os idosos são o grupo etário onde se verifica o maior aumento da incidência, nos países desenvolvidos".
"O estudo preliminar realizado pelos enfermeiros do mestrado de HIV/sida alertou-nos para este fenómeno e no ano passado foi promovido o congresso Sida na Terceira Idade, no qual participaram vários centros nacionais. Essas jornadas foram gravadas e vamos agora apresentar a compilação dos dados num livro", explicou Saraiva da Cunha ao PÚBLICO.