3.2.15

Há mais pobreza, «não sei como Passos desmente isto»

Comentário de Constança Cunha e Sá, in TVI24

Constança Cunha e Sá considera que os números da pobreza em Portugal, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na sexta-feira, mostram que o país não está melhor, como afirma o primeiro-ministro. Ao nível da pobreza, pelo contrário, está pior a cada ano que passa.

No seu comentário na TVI24, Constança Cunha e Sá diz não compreender como o primeiro-ministro consegue «desmentir» os números do INE, que mostram, claramente, que o nível de pobreza em Portugal é maior agora que há três anos.

«Estamos a falar de dois milhões de portugueses em risco de pobreza, que vivem com menos de 411 euros por mês. (…) Um em cada quatro jovens ou crianças vive em risco de pobreza, isto afunda um país. (…) Depois temos outro dado grave que é a desigualdade. (…) O relatório do INE diz que a diferença entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres em 2013 foi de 12%, [quando já] tinha sido de 9%. Esse dado esteve sempre a subir, em 2010 era de 9,4, agora é de 12,1%. Passo Coelho pode dizer o que quiser, mas isto são números do INE, não sei como ele desmente isto. A verdade é que temos um índice de desigualdade pior do que há três anos».

Para a comentadora da TVI24, esta é a prova de que Passos Coelho precisa entender que as medidas do Governo não vão resolver os problemas do país num curto espaço de tempo, porque quem está hoje na pobreza dificilmente estará melhor em apenas um ano, até porque as medidas sociais têm sido as mais afetadas pelos cortes.

«O ano seguinte é sempre pior que o anterior. O que os especialistas dizem é que de facto os apoios sociais começam a não ter efeito nas pessoas. (…) Isto é muito grave quando vemos que o Governo tem vindo a cortar nos apoios sociais, portanto temos uma nova geração que é lançada na pobreza, e não é num ano que se consegue tirar esta gente da pobreza. Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso consegue perceber isso: um jovem que não tem dinheiro para estudar, ou que não está empregado, não melhora a sua vida de um ano para o outro», continuou.