4.12.15

Activismo Feminista pelo fim de todas as formas de violência de género

Miguel Pinheiro, in "Diário dos Açores"

As diversas actividades realizadas pelo movimento feminista nas últimas décadas, têm possibilitado ampliar a visibilidade a todas as formas de violência exercidas sobre as Mulheres, integrando essa discussão na esfera pública deixando, finalmente, de ser um “problema privado”.
Desta forma, o movimento feminista procura alcançar uma sociedade diferente, sem violência, opressão e exploração, baseada numa verdadeira igualdade de género e de oportunidades entre Mulheres e Homens, partindo do princípio que sem estarem consolidados os direitos das Mulheres, não podemos falar de direitos Humanos.

É neste contexto que se enquadra a campanha dos 16 dias de activismo mundial pelo fim da violência de género que decorre anualmente de 25 de Novembro a 10 de Dezembro. Lançada em 1991, por activistas feministas, de diferentes países, reunidas pelo CWGL - Centro de Liderança Global de Mulheres, da Universidade de Rutgers nos Estados Unidos, a campanha conta este ano com cento e quarenta países que se uniram para programar diversas iniciativas, que contam com o apoio da ONU. A nível regional é a UMAR Açores que, em parceria com outras instituições de solidariedade social, estabelecimentos de ensino, associações culturais e movimentos de cidadãs e cidadãos, promove e procura dinamizar esta luta.
Falamos de luta porque sete em cada dez Mulheres no mundo já foram vítimas de violência física e/ou sexual em algum momento das suas vidas. 603 milhões de Mulheres vivem em países onde a violência doméstica não é considerada um crime. Estima-se que 100 a 140 mil Mulheres tenham sido vítimas de mutilação genital feminina e que no espaço europeu existam cerca de 500 mil Mulheres que poderão vir a ser vítimas deste flagelo.
Em Portugal, segundo o OMA - Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR, nos últimos onze anos foram identificados 426 femicídios e 497 tentativas de femicídio. Das 426 Mulheres assassinadas neste período, 359 foram-no no âmbito das relações de intimidade presentes ou passadas.
O OMA contabilizou entre 1 de Janeiro e 20 de Novembro de 2015 um total de 27 Mulheres assassinadas e 33 vítimas de tentativa de femicídio. Conclui-se assim que, em média e por mês, seis Mulheres vêem as suas vidas serem atentadas, principalmente por pessoas com quem mantinham uma relação de intimidade.

Neste contexto, e tendo em conta os factos apresentados, constata-se a emergência de reforçar o activismo feminista com o objectivo de erradicar todas as formas de violência exercidas sobre as Mulheres.

*Técnico da UMAR Açores Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência de Género Activismo Feminista pelo fim de todas as formas de violência de género Miguel Pinheiro