Miguel Pinheiro, in "Diário dos Açores"
As diversas actividades realizadas pelo movimento feminista nas últimas décadas, têm possibilitado ampliar a visibilidade a todas as formas de violência exercidas sobre as Mulheres, integrando essa discussão na esfera pública deixando, finalmente, de ser um “problema privado”.
Desta forma, o movimento feminista procura alcançar uma sociedade diferente, sem violência, opressão e exploração, baseada numa verdadeira igualdade de género e de oportunidades entre Mulheres e Homens, partindo do princípio que sem estarem consolidados os direitos das Mulheres, não podemos falar de direitos Humanos.
É neste contexto que se enquadra a campanha dos 16 dias de activismo mundial pelo fim da violência de género que decorre anualmente de 25 de Novembro a 10 de Dezembro. Lançada em 1991, por activistas feministas, de diferentes países, reunidas pelo CWGL - Centro de Liderança Global de Mulheres, da Universidade de Rutgers nos Estados Unidos, a campanha conta este ano com cento e quarenta países que se uniram para programar diversas iniciativas, que contam com o apoio da ONU. A nível regional é a UMAR Açores que, em parceria com outras instituições de solidariedade social, estabelecimentos de ensino, associações culturais e movimentos de cidadãs e cidadãos, promove e procura dinamizar esta luta.
Falamos de luta porque sete em cada dez Mulheres no mundo já foram vítimas de violência física e/ou sexual em algum momento das suas vidas. 603 milhões de Mulheres vivem em países onde a violência doméstica não é considerada um crime. Estima-se que 100 a 140 mil Mulheres tenham sido vítimas de mutilação genital feminina e que no espaço europeu existam cerca de 500 mil Mulheres que poderão vir a ser vítimas deste flagelo.
Em Portugal, segundo o OMA - Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR, nos últimos onze anos foram identificados 426 femicídios e 497 tentativas de femicídio. Das 426 Mulheres assassinadas neste período, 359 foram-no no âmbito das relações de intimidade presentes ou passadas.
O OMA contabilizou entre 1 de Janeiro e 20 de Novembro de 2015 um total de 27 Mulheres assassinadas e 33 vítimas de tentativa de femicídio. Conclui-se assim que, em média e por mês, seis Mulheres vêem as suas vidas serem atentadas, principalmente por pessoas com quem mantinham uma relação de intimidade.
Neste contexto, e tendo em conta os factos apresentados, constata-se a emergência de reforçar o activismo feminista com o objectivo de erradicar todas as formas de violência exercidas sobre as Mulheres.
*Técnico da UMAR Açores Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência de Género Activismo Feminista pelo fim de todas as formas de violência de género Miguel Pinheiro