28.1.19

"O poema mais bonito que o meu pai escreveu foi o SNS"

Miguel Midões, in TSF

Em vida, António Arnaut escreveu mais de 40 livros, entre poesia e prosa, ligados às áreas cívica, jurídica e maçónica.

António Arnaut faria esta segunda-feira 83 anos. No dia do seu aniversário é apresentado em Coimbra um livro de poemas inéditos que escreveu já numa fase final da sua vida. São 50 poemas em 130 páginas e que foram escritos, quase na totalidade, enquanto esteve internado no IPO e no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.

O advogado, político e escritor, que foi grão-mestre do Grande Oriente Lusitano - a Maçonaria Portuguesa, no início do século, é assim homenageado em livro pelos dois filhos.
Uma homenagem a António Arnautt, o pai, que o filho já leu e releu o livro por diversas vezes.

É uma forma de estar mais perto de quem ainda está muito presente.

O livro é de poemas, mas o melhor poema que António Arnautt escreveu não faz parte do livro. O filho lembra qual foi: "o meu pai costumava dizer que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi o poema mais bonito que ele escreveu, mas estes tem a ver com o pensamento de alguém que pressente que se aproxima o fim desta vida terrena e quer deixar alguns pensamentos escritos sobre as mais diversas coisas", diz.
Com a emoção ainda à flor da pele, o filho sabe o que pode e deve honrar a memória do pai e isso vai muito além do lançamento de um livro. "A Lídia Jorge diz que só morre quem desaparece da memória. O meu pai, pelo que fez, nunca irá desaparecer. Honrar a memória do meu pai é agora os deputados do PS votarem a lei de bases apresentada pelo governo e não permitirem adulterar o caráter público do SNS. Isso é que é honrar a memória do meu pai", acrescenta.

Um recado emocionado aos socialistas, no dia em que os poemas são de "Outono e de Inverno", acerca da finitude de um homem.
Em vida, António Arnaut escreveu mais de 40 livros, entre poesia e prosa, ligados às áreas cívica, jurídica e maçónica. "Poemas de Outono e Inverno" é um livro editado pela Minerva Coimbra porque era essa a vontade do autor.