20.2.20

Centros históricos não são amigos dos idosos

Por Rute Fonseca, in TSF

A população mais velha sente-se pouco segura nos centros históricos das cidades. Esta é uma das conclusões do estudo para a Promoção da Mobilidade Sustentável da População Idosa, realizado pelas Universidades de Coimbra e do Porto.

Há obstáculos físicos e visuais, os espaços públicos não estão adequados para que os idosos possam caminhar ou circular de forma segura. A conclusão surge após terem sido analisados o Centro Histórico do Porto e a alta de Coimbra e de terem sido entrevistados idosos que lá residem, assim como turistas seniores.

Fernando Brandão Alves, invetsigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e um dos coordenadores do projeto, explica que foram identificados vários obstáculos: "Pavimentos maltratados, falta de manutenção geral do espaço público, falta de dispositivos como corrimões ou pavimentos antiderrapantes".

Neste estudo do Centro de Investigação do Território, Transporte e Ambiente (CITTA) e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, também foram identificados problemas nos transportes públicos - são insuficientes e pouco seguros para os idosos.

"Queixam-se de pouca frequência dos transportes e de alguma insegurança provocada pela forma como se conduz", aponta o investigador. "Os condutores revelam pouca sensibilidade à fragilidade do idoso, que, quando sobe ao autocarro, precisa de tempo para se sentar em segurança - e esse tempo nem sempre é cumprido com o veículo imobilizado."
Fernando Brandão Alves diz que o estudo, designado por MOBI - AGE, recomenda um investimento na melhoria e requalificação do espaço público. "Investimento no desenho do espaço, nos materiais, na qualidade da paisagem urbana, ou seja, espaços limpos, com menos ruído visual, menor invasão dos murais com grafites e lixo presente no espaço público."

Com base nestas conclusões, o próximo passo é criar uma aplicação que informe os idosos e as instituições sobre os melhores percursos pedonais. O objetivo é contribuir para o envelhecimento ativo e saudável.
O estudo para a promoção da mobilidade sustentável da população idosa foi apresentado esta terça-feira, no Porto.