A.F., in Jornal de Notícias
"Uma região deprimida, mas com dinâmica larvar". Alberto Castro resume assim o outro lado do espelho negro do Norte, onde há iniciativas louváveis, ensaios de caminhos que poderão arrancar a região do poço em que caiu.
Um ponto de partida é a maior ligação entre universidades e economia. Minho (novos materiais), Porto (ciências da vida) e Aveiro (tecnologias de informação) estão na linha da frente do que de melhor se faz no Mundo e começam a partilhar Conhecimento com empresários. Um exemplo é o "cluster" da Saúde que poderá surgir, com o apoio da Comissão de Coordenação do Norte.
Também o Minho e o Douro estão, finalmente, a acordar para a tremenda valia turística das suas paisagens, gastronomia e vinhos, sendo das regiões que mais crescem na oferta de camas, sobretudo de alta qualidade.
Quanto aos investimentos infra-estruturantes, capazes de fazerem diferença por si próprios, três saltam à vista. Vila do Conde soube criar as condições necessárias não só para manter a Quimonda, o segundo maior produtor mundial de semicondutores, como ainda ver esse investimento reforçado, com o apoio da Agência Portuguesa para o Investimento. Mais no interior está Paços de Ferreira, cujos argumentos convenceram a Ikea a aí instalar a primeira fábrica fora da Suécia. E seguindo para Norte, a acção do autarca de Viana do Castelo foi uma peça chave para que a Enercon decidisse aí instalar a sua fábrica de aerogeradores.
Aos grandes investimentos somam-se imensas pequenas empresas posicionadas à escala global e que contribuem para que o Norte seja a região que mais emprego qualificado tem criado.
Por si só, estes "indícios virtuosos", como lhes chamou António Marques, são insuficientes para mudar a região. Mas se funcionarem em rede e, sobretudo, se se multiplicarem poderão ajudar o Norte a voltar a ser uma das dez regiões mais industrializadas da Europa.