19.7.23

Educação: abandono escolar continua a cair, qualificações a aumentar, mas há uma crise de professores

Isabel Leiria Jornalista e Carlos Esteves Jornalista infográfico, in Expresso


Os indicadores relativos à qualificação dos portugueses continuam a melhorar. O grande desafio para os próximos anos é atrair para a carreira docente milhares de jovens e profissionais que assegurem a substituição de outros tantos milhares de professores que estão e vão continuar a reformar-se


m 2020, Portugal conseguiu pela primeira vez apresentar uma taxa de abandono escolar precoce abaixo da média da União Europeia, consolidando uma evolução de decréscimo acentuado, em particular na última década e que atingiu em 2021 o seu valor mais baixo: apenas 5,9% da população entre os 18 e os 24 anos abandou os estudos e/ou formação sem concluir o 12º ano.

Se recuarmos ao princípio do século e ao ano de 2020, essa percentagem estava então nos 43,7% contra uma média na União Europeia que estava em menos de metade desse valor.

Com cada vez mais jovens a prosseguirem estudos, também ao nível do ensino superior se batem recordes. No último ano letivo, 432 mil estudantes estavam inscritos em universidades e politécnicos, entre cursos técnicos superiores, licenciaturas, mestrados e doutoramentos.

E o número de estrangeiros que escolhem uma instituição de ensino portuguesa para fazer parte ou a totalidade de um curso superior também tem vindo aumentar: duplicou em seis anos e os quase 68 mil inscritos no 1º semestre de 2022/2023 representavam já 16% da população matriculada.


Um dos maiores problemas do sistema educativo e que está longe de ser um exclusivo nacional tem a ver com a atratividade da carreira docente.

Na última década, caiu o número de jovens inscritos em cursos superiores na área da Educação (nota-se agora nos dois últimos três anos já uma inflexão desta tendência), mas os que estão atualmente a ser formados, nomeadamente nos mestrados em ensino, não chegam de todo para suprir as necessidades do sistema e que todos os anos deverá perder para a reforma uma média de 3450 docentes por ano, até 2023.

O Ministério está agora a mexer nos cursos que habilitam para a docência, abrindo o leque a mais potenciais candidatos e reduzindo o tempo de formação para quem está tem uma preparação científica sólida na área disciplinar à qual quer dar aulas. Também vai recuperar os estágios remunerados no último ano do mestrado e, como último recurso, diminuiu os níveis de exigência de formação para as contratações de escola (possíveis quando já não há professores com preparação específica para dar aulas nas listas de recrutamento).

Resta saber se a corrida contra o tempo não foi iniciada tarde demais. E mais no imediato, se o Ministério da Educação consegue apaziguar os ânimos ente a classe, que no ano letivo que agora terminou voltou a expressar bem alto todo o seu descontentamento.