Por Lusa, in Idealista
A subida das taxas de juro afeta todos os empréstimos da casa de taxa variável e mista (em período variável). Mas nem todas as famílias sentem o mesmo grau de dificuldade em pagar as prestações da casa. O presidente executivo do BCP disse esta quinta-feira, dia 27 de julho, que não há um problema generalizado no crédito habitação em Portugal, mas problemas específicos para os quais é preciso soluções. Uma delas tem passado pelas renegociações de créditos, que somaram 9.600 operações só no primeiro semestre do ano, das quais 1.885 foram ao abrigo do decreto-lei do Governo.
Em conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais, Miguel Maya afirmou que, "olhando para todo, não há um problema [no crédito à habitação devido à subida das taxas de juro], mas olhando cada caso concreto há problemas” e aí é que preciso "encontrar soluções que permitam que os problemas sejam ultrapassados".
Esta análise de que problemas no crédito habitação existem mas são pontuais, pois em geral as famílias estão a conseguir pagar os empréstimos, tem sido comum aos presidentes dos principais bancos. Na semana passada, o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, considerou que “não há um problema de crédito habitação transversal na sociedade portuguesa”, mas em “algumas franjas”.
Miguel Maya foi ainda questionado sobre as declarações do ministro das Finanças, Fernando Medina, de que o Governo está a trabalhar com os bancos para mitigar a subida das prestações da casa. Em resposta, o presidente do BCP disse que isso não altera a prática do banco, pois já propõe taxa fixa, quer para novos créditos, quer para quem renegoceia o crédito.
"O que quer que diga o Governo, o ministro das Finanças, não altera nada, porque isso já é prática. (..) Taxa fixa temporária é o que chamamos de taxa mista, nada disto é novo", afirmou.
BCP fez 9.600 renegociações de crédito até junho
Quem está com dificuldades em pagar as prestações da casa pode optar por renegociar o crédito habitação (até porque há novas regras em vigor). Neste ponto, o BCP fez 9.600 renegociações de crédito habitação só no primeiro semestre, sendo que 1.885 foram ao abrigo do decreto-lei do Governo.
"Renegociámos muito mais do que ao abrigo do decreto-lei, porque tivemos a preocupação de analisar todas as situações e tentar encontrar soluções para todos os clientes", disse o presidente do BCP na ocasião.
Quanto à bonificação de juros, Miguel Maya disse que há mais 700 clientes do BCP a beneficiar dessa medida e que, em média, a bonificação é de 37 euros.
O gestor disse ainda que este tema não compete ao banco avaliar. "Compete ao Governo avaliar [se a medida] está ajustada ou não e alterar", disse. Esta semana, numa entrevista ao Público, o ministro das Finanças disse que o Governo vai alargar o regime de apoio à bonificação do crédito habitação a mais famílias.
O BCP divulgou lucros de 423,2 milhões de euros no primeiro semestre, quase sete vezes os 62,2 milhões de euros registados dos primeiros seis meses de 2022.
No ano passado, o BCP tinha anunciado lucros de 74,5 milhões de euros no primeiro semestre, tendo agora revisto esses resultados líquidos para 62,2 milhões de euros, justificando que se deveu à alteração das regras contabilísticas das participações em seguradoras. Segundo o banco, não houve alteração das contas, mas o valor foi reexpresso para ter “valor comparável”.
*Com Lusa