Número de “testes do pezinho” aumentou 6% nos primeiros seis meses deste ano face ao mesmo período de 2022, revela o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Estão a nascer mais crianças pelo segundo ano consecutivo em Portugal, após a quebra histórica da natalidade em 2021, quando o país ficou abaixo da barreira dos 80 mil nascimentos. Na primeira metade deste ano, voltou a aumentar o número de “testes do pezinho”, um indicador fiável da natalidade uma vez que estes rastreios são efectuados à quase totalidade das crianças nascidas em Portugal. Foram mais 2405 testes feitos a recém-nascidos do que nos primeiros seis meses de 2022, revela o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa).
Entre Janeiro e Junho, foram estudados 41.802 recém-nascidos no âmbito Programa Nacional de Rastreio Neonatal, especifica o Insa, que coordena este programa levado a cabo pela sua Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética do Departamento de Genética Humana. É um aumento que ronda os 6% face ao primeiro semestre de 2022 - ano em que a natalidade já tinha crescido 5,1%, após o decréscimo acentuado observado em 2021.
Esta é "uma recuperação", ainda que ligeira, que se segue à quebra de 2021, na sequência do período de “profunda instabilidade e receio vivido” durante a pandemia de covid-19, admite o presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD). Mas o sociólogo Paulo Machado prefere esperar por um prazo mais alargado para retirar conclusões, uma vez que “se devem usar períodos mínimos de três anos para amortizar variações anuais expectáveis quando estão em causa números muito baixos”.
Olhando para os últimos anos, as variações têm sido uma constante, de facto: após a quebra da natalidade em 2014, na sequência da crise económica e financeira, o número de nados vivos aumentou durante dois anos consecutivos, diminuiu em 2017, voltou a subir em 2018, para baixar de novo em 2019, 2020 e 2021, quando bateu no fundo. Em 2022, subiu mais uma vez (83.671 nados-vivos). Os “testes do pezinho” acompanharam naturalmente esta evolução. E, este ano, se a tendência do primeiro semestre se mantiver na segunda metade, a natalidade voltará a crescer.
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“Se as pessoas que vêm para Portugal têm filhos cá, isso corresponde a um padrão de fixação com uma certa estabilidade. Quem não está satisfeito não tem filhos”, enfatiza Paulo Machado. O presidente da APD dá o exemplo do concelho de Tondela, onde coordena um estudo que permitiu detectar “um aumento da ordem dos 30%” no número de crianças filhas de pais estrangeiros que frequentam os infantários e estão matriculadas no 1º ciclo do ensino básico.
Em 2022, a população residente em Portugal aumentou pelo quarto ano consecutivo graças à imigração que permitiu compensar o saldo natural negativo do país. Nesse ano, o número médio de filhos por mulher em idade fértil (o índice sintético de fecundidade, que inclui as mulheres dos 15 aos 49 anos) passou de 1,35 (em 2021) para 1,43.