22.5.09

Desemprego pode ter chegado a 8,3 por cento no final de 2008

in Jornal Público

O Instituto Nacional de Estatística (INE) considera que "não é legítima" a comparação entre a evolução dos fluxos de desempregados do IEFP e o número oficial de desempregados do INE. Essa comparação "pode levar, naturalmente, a diferenças que, à primeira vista, assumem uma dimensão superior à que resultaria de uma análise mais cuidada".

Esta apreciação foi a resposta ao PÚBLICO, que sublinhara os comentários do Presidente da República aos números do INE. Cavaco Silva afirmou que poderia ter havido "alguma desvalorização" no quarto trimestre de 2008 e que essa "subavaliação" poderia explicar o "salto", o "grande aumento" ocorrido no primeiro trimestre de 2009. A taxa foi de 7,6 por cento no terceiro trimestre de 2008 e de 7,8 no quarto, mas subiu para 8,9 no primeiro trimestre de 2009.

A declaração de Cavaco permitia a leitura de que o INE atenuara os valores. A comunicação social leu assim, o Presidente não desmentiu e voltou a afirmá-lo mais tarde, acrescentando que "é algo que não é anormal". Cavaco não explicou as variáveis que tomou em conta para achar que os números poderiam estar "subavaliados". Quando o PÚBLICO insistiu, os serviços do Presidente não comentaram.

Mas os únicos valores com dimensão geral são os dos desempregados inscritos. E, nesse quarto trimestre de 2008, os valores dos novos desempregados subiram 19 por cento em Outubro, face a Outubro de 2007, e acabaram o ano com uma subida homóloga de 37 por cento. Ora, o INE diz que a comparação não deve ser feita. A subida do fluxo dos novos desempregados não é comparável aos valores do INE, que são valores de nível. Caso se comparasse o nível do desemprego do IEFP com o do INE, no quarto trimestre de 2008, ver-se-ia que o desemprego registado subiu 3,3 por cento. Por outro lado, a estimativa do INE dos desempregados possui uma margem de erro de 5 por cento. "O verdadeiro valor da população desempregada", afirma-se, "está contido no intervalo de 407,8 a 467,5 mil indivíduos". E assim sendo, a taxa de desemprego ter-se-ia situado entre 7,3 e 8,3 por cento, ou seja, bastante mais perto dos 8,9 do primeiro trimestre de 2009.