18.5.09

Taxa de desemprego passa os 10% no Norte Alentejo e Algarve

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

Em três regiões do país, a taxa de desemprego ultrapassou os 10%, nos primeiros três meses do ano: Norte (10,1%), Alentejo (10,2%) e Algarve (10,3%).

Não é a primeira vez que se registam taxas de dois dígitos no país - aconteceu em meados dos anos 90, por exemplo, na região alentejana - mas denota o impacto da crise económica nas empresas portuguesas, sobretudo na indústria, construção e serviços, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).

É destas áreas que provém a maioria dos novos desempregados do primeiro trimestre. São sobretudo jovens, do sexo masculino, pouco instruídos e que acabaram de perder o emprego, estando a viver sobretudo nas regiões do Norte, Centro e Açores.

O aumento do desemprego nestas regiões vem agravar a situação anterior. Por cada dez desempregados, quatro estão na região Norte, que continua a ser a mais atingida, em grande medida porque é lá que se concentra boa parte da indústria que tem falido, este ano (das 1200 insolvências decretadas no primeiro trimestre, 737 registaram-se nos concelhos nortenhos e 345 no Porto).

O aumento em 58,2 mil do número de pessoas sem emprego, entre Janeiro e Março, fez disparar a taxa nacional de desemprego para 8,9%, acima da verificada na última crise económica, no início desta década; só em 1986 Portugal teve uma taxa mais alta, de 9,2%. Os registos oficiais falam de 495,8 mil pessoas sem trabalho, mas o número real é superior. É que o INE (seguindo regras internacionais) não conta como desempregado quem já desistiu de procurar lugar no mercado laboral, apesar de estar disposto a começar a trabalhar de imediato, se a oportunidade surgir. Nestas circunstâncias estão 67 mil pessoas.

O INE também não considera desempregado (pelo contrário, diz que é empregado) quem está a fazer formação profissional, como o caso dos 4600 trabalhadores que nos últimos meses regressaram à escola com o Governo a pagar a maior parte do salário, uma das medidas de combate à crise. Ontem, citado pela Lusa, o ministro do Trabalho falou de um aumento "significativo" do desemprego, que recebeu "com preocupação".

O mercado de trabalho está a recompensar os trabalhadores com mais habilitações. Enquanto que o número de pessoas a trabalhar com, no máximo, a escolaridade mínima baixou em 102 mil face ao trimestre anterior, já a quantidade de trabalhadores com o secundário cresceu em 22 mil e o de licenciados avançou em dois mil.

No global, contudo, Portugal tinha menos pessoas a trabalhar. No primeiro trimestre, havia quase 5,1 milhões de trabalhadores. Ou seja, em três meses desapareceram 77 mil postos de trabalho.