24.9.11

Europa “não está em negação” quanto à crise das dívidas, diz Trichet

in Público on-line

À pressão das maiores economias mundiais para a Europa resolver a crise das dívidas soberanas dos países em dificuldades financeiras, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, respondeu dizendo que a zona euro “não está em negação”.

Trichet, que está em Washington nos encontros anuais do Banco Mundial e do FMI, ressalvou ontem que a situação na zona euro, estando no “epicentro desta crise mundial”, é muito diferente da percepção externa – e daí o “paradoxo” da Europa.

O presidente da autoridade monetária europeia justificou o facto de as novas regras de funcionamento do fundo de socorro do euro, o FEEF, aprovadas na última cimeira de líderes a 21 de Julho, ainda não estarem em vigor com a necessidade de as alterações serem primeiro validadas nos parlamentos nacionais.

“Temos democracias [na Europa], temos de percorrer todo o processo”, acentuou, lembrando que a ratificação “está em curso ao nível dos parlamentos” e que, tomadas todas as decisões, a zona euro verá “como lidar com a gestão futura e isso dependerá muito das observações que serão feitas quando [o acordo] entrar em vigor”.

Para Trichet, o BCE – que desde o início de Agosto retomou o programa de compra de obrigações no mercado secundário, adquirindo dívida pública italiana e espanhola – deve ser consultado para decidir sobre “as circunstâncias excepcionais” que justificam que o FEEF intervenha no mercado.

O alargamento das competências do FEEF para que este instrumento – que serve de suporte aos resgates à Grécia, à Irlanda e a Portugal – passe a comprar dívida no mercado secundário foi acordado quando os líderes europeus aprovaram um segundo pacote de resgate à Grécia.