26.9.11

Uma profissão (quase sempre) temporária para licenciados

Mariana Correia Pinto, in Público on-line (P3)

Operador de "call center" foi definida como profissão de futuro. Flexibilidade de horários leva jovens a procurar esta alternativa

Não é sentar numa cadeira e atender telefones. Nem é tarefa que se faça sem formação. João Simões está há sete anos ligado ao mundo do "call center" e sabe bem do que fala: “Felizmente já se desmistificou a ideia de que o operador de "call center" é um telefonista”, começa. “É muito mais do que isso”.

Operador de "call center" foi uma das 129 profissões definidas como estratégicas para o país por um recente estudo do Instituto de Emprego e Formação Profissional, Agência Nacional para a Qualificação e gabinete de planeamento do Ministério da Economia.

Para o agora formador João Simões, a notícia não é surpreendente: “É uma área que está sempre a empregar pessoas”, conta. Na empresa para a qual trabalha, os postos são ocupados sobretudo por jovens licenciados ou que estão a frequentar o ensino superior.

Flexibilidade

É uma realidade justificada pelo facto de ser um emprego com uma “grande flexibilidade de horários”, possível de conciliar com estudos. João Simões é um exemplo disso: neste momento, trabalha a tempo inteiro como formador enquanto acaba a sua segunda licenciatura, em Direito na Universidade do Porto.

“A maioria das pessoas que chega aos "call centers" ainda vem em busca de um emprego temporário”, admite João Simões, apesar de ser uma profissão onde é possível progredir na carreira: “No meu caso, ao fim de cinco meses tinha passado para uma linha mais especializada e depois para formador”.

Quem contacta um "call center", lembra o formador, raramente está satisfeito, sobretudo numa linha de apoio ao cliente. Daí que o jovem de 26 anos considere a “capacidade de lidar com a insatisfação" e o "controlo emocional” como fundamentais de quem quer ter este emprego.

O salário base de um operador de "call center" anda à volta de 500 euros para quem trabalha a tempo inteiro, aos quais acrescem, regra geral, incentivos extra. E trabalhar como operador a tempo inteiro já não é função rara: “A ideia de ser um trabalho apenas em part-time já não faz tanto sentido como há alguns anos”, conclui.