17.3.15

Faltam "braços" no Serviço Social, mas "não se pode fechar a porta a quem pede ajuda"

por Teresa Almeida, in RR

No Dia Mundial do Serviço Social, que se assinala esta terça-feira, a associação de profissionais do sector adverte para a perda, nestes anos de crise, de um terço dos efectivos. Menos gente numa fase em que aumentam os casos a que é necessário acorrer.

A presidente da Associação de Profissionais de Serviço Social denuncia que a falta de profissionais e a crescente procura de apoios está a afectar o normal funcionamento do sector. O número de assistentes sociais caiu, há técnicos pouco qualificados e, assim, o apoio às famílias carenciadas pode estar comprometido.

Em declarações à Renascença, Fernanda Rodrigues lembra que o serviço social é a área profissional que mais directamente trabalha com os problemas gerados pelo desemprego e pela pobreza. Com o agravamento destas realidades e a diminuição, em cerca de 30%, do número de técnicos, as dificuldades aumentaram, tanto para quem ajuda como para quem pede apoio.

“A enorme contenção na contratação de profissionais, que impediu o sector de repor o número de saídas, está a afectar a qualidade da reposta aos problemas sociais", sublinha a presidente da Associação de Profissionais de Serviço Social.

De acordo com Fernanda Rodrigues, as pilhas de casos repartidos por cada assistente social é elevada, o que impede uma resolução rápida dos problemas. "Há profissionais que chegam a ter 250 a 300 casos nas mãos, o que é impossível”.

"A qualidade do serviço prestado pode ficar em causa, mas, como não há mais ninguém, não se lhes fecha a porta, não podem fechar”.

Outro problema junta-se ao da sobrecarga de trabalho. Nesta terça-feira em que se assinala o Dia Mundial do Serviço Social, a presidente da associação do sector previne para outro custo do problema, precisamente o financeiro: “O adiamento de uma resposta a um problema social significa o seu agravamento e, muitas vezes, implica também que os custos da sua resolução em tempo posterior fiquem muito mais dispendiosos”.

Neste quadro, Fernanda Rodrigues aponta como "razoável" um regresso ao número de funcionários existente antes da crise já seria razoável. "Nestes últimos anos de austeridade, seguramente, os serviços ficaram esvaídos de cerca de 30% dos profissionais. Por isso, imagino que uma reposição de alguma coisa equivalente poderia significar um desafogo relativamente às condições em que se trabalha”.

"Voltar aos números anteriores já não seria mau", remata.