In "Metro"
“Tornamo-nos pessoas bem melhores”
Voluntariado. Amanhã é o Dia internacional do Voluntariado, instituído pela ONU há 30 anos. O metro falou com duas pessoas que abraçaram o voluntariado nas suas vidas.
Há vários anos, “passei dois dias a ajudar a construir habitações para um grupo de sem-abrigo, e, desde aí, senti que fiquei com o bichinho do voluntariado ”, relata Marta Guimarães Canário. “Passei anos a pensar nisto, e quando percebi que tinha um amigo voluntário no Centro de Apoio ao Sem-Abrigo, decidi juntar-me à causa”, acrescenta a voluntária que desde junho de 2014 faz “parte da equipa que todas as quartas distribui refeição quente aos sem-abrigo que dormem na Gare do Oriente”. Já Júlia Pacheco diz que o voluntariado apareceu na sua vida “pela necessidade de fazer algo em prol dos que necessitam de ajuda e têm uma vida mais difícil que nós”. A voluntária no projeto Re-Food revela que assim “aumentou” o seu “lado mais humano” e que olha “para as pessoas de um modo mais caridoso”. No entanto, ser voluntário nem sempre é fácil. Uma das grandes dificuldades é, segundo Júlia Pacheco, “o lado psicológico”. “Muitas vezes, o que vemos toca no coração de um modo violento e saber que pouco mais podemos fazer cria um sentimento de impotência.” Marta Guimarães Canário corrobora: “confrontar-me com pessoas que dormem na rua, ou precisam de nós para poderem comer uma refeição quente, e no fim da noite entrar no conforto da minha casa sem sentir o coração apertado, tem sido um desafio”. Mas esse é um desafio que ambas dizem que se deve aceitar. “Ter a oportunidade de fazer a diferença na vida de alguém é uma das melhores sensações do mundo. (...) Aprendemos a amar mais quem nos rodeia. Aprendemos a focar no essencial”, assevera Marta Canário. “Preenche um lado do ser humano que não consegue ser feito de outra forma, tornamo-nos pessoas bem melhores”, gaM.A. rante Júlia Pacheco.
Em Portugal, o voluntariado tem vindo a aumentar, quer em organizações que promovem o voluntariado, quer no número de voluntários. © MARILINE ALVES
Projetos
A Re-Food é um movimento comunitário independente, 100% voluntário, cujo fim consiste na recuperação de comida em boas condições para alimentar pessoas necessitadas. re-food.org O Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA), é uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é apoiar, alimentar e alojar sem-abrigo. casa-apoioaosemabrigo.org
Financiamento
Um dos projetos de voluntariado que a Médicos do Mundo (MdM) lançou há pouco tempo em Portugal foi a campanha “#PresentesMdM”. “O objetivo foi criar uma plataforma de parceiros que apoiem a MdM na comunicação, marketing e captação de fundos”, diz a diretora-geral da MdM , Portugal. “A comunicação é indispensável para conseguirmos visibilidade. E a visibilidade essencial para conseguirmos os fundos necessários para o trabalho”, afirma Carla Paiva. Os voluntários “permitem-nos desenvolver atividades que, de outra forma, estariam financeiramente fora do nosso alcance”, sintetiza.
Iniciativas. Empresas também são agentes sociais da mudança
O Barclays e a Águas de Portugal (AdP) são duas entre as muitas empresas em Portugal que participam em projetos de voluntariado. A AdP instituiu em 2013 o programa “Gota a Gota, Mudamos Vidas”. Objetivo? “Estimular a participação voluntária dos seus colaboradores em ações em prol da comunidade, contribuindo com o seu tempo e conhecimentos”, diz a diretora da Sustentabilidade Empresarial da AdP. O retorno, afirma Fátima Borges, foi o fortalecimento da “cultura corporativa da AdP de compromisso com o bem-estar das populações” e a promoção da “proximidade entre empresa e comunidade”. A proximidade às comunidades é também uma “estratégia bem defi
nida do grupo Barclays”, revela Isabel de la Peña, responsável pelas áreas de Cidadania e Reputação do Barclays Portugal. Além de apoiar “os mais jovens e de maior vulnerabilidade na sua capacitação e valorização pessoal”, as ações de voluntariado do banco têm ainda “uma vertente de aproximação dos colaboradores, de desenvolvimento de espírito de equipa”. A adesão “ultrapassa os 50% de colaboradores a nível nacional” numa empresa que “tem autorizadas horas de voluntariado”, revela Isabel de la Peña.


