5.2.18

Mais contratações e pressão para subida de salários em 2018

João Lopes Oliveira, in Dinheiro Vivo

Na antevisão do mercado laboral deste ano, a consultora Michael Page prevê mais emprego na indústria, setor das tecnologias de informação e centros de serviços partilhado

A criação de emprego em 2017 atingiu o nível mais alto dos últimos 19 anos e a taxa de desemprego em Portugal foi de 7,8%, o valor mais baixo a registar desde 2004, segundo os dados revelados pelo INE. A tendência, segundo governo e empresas, é que o ritmo se mantenha. Essa é também a previsão da empresa de recrutamento Michael Page.

Todos os anos, a consultora analisa os diferentes setores de atividade e elabora as respetivas tendências de mercado para o ano seguinte. Na análise feita para este ano, a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso, a Michael Page antecipa um reforço das contratações em 2018, transversal a várias áreas de negócio.

"Os centros de serviços partilhados, os centros tecnológicos e de I&D e as áreas de tecnologias de informação (TI) e indústria" serão os setores com mais vagas de emprego neste ano, antecipa a Michael Page.

No caso das tecnologias, "a procura tem sido maior, de tal forma que a faturação [da empresa] cresceu 68% face ao ano anterior", aponta António Costa, responsável pela área de TI da Michael Page em Portugal, acrescentando que "a orientação para as ferramentas de inteligência empresarial, internet of things (IoT) e machine learning estarão entre os conhecimentos necessários para este ano.

Já na indústria, adianta o mesmo responsável, "a procura em 2017 quase duplicou e os salários aumentaram cerca de 15%. Este é um mercado com grande procura de profissionais com know-how técnico".

As empresas do setor da indústria poderão enfrentar algumas dificuldades na retenção de trabalhadores, considera Pedro Martins, responsável da Michael Page por esta área. "Os recursos humanos são por vezes difíceis de reter, uma vez que os candidatos procuram cargos com um conjunto de benefícios aos quais as empresas devem estar atentas".

Ao nível salarial, as indústrias de tecnologia e engenharia são também as que mais evoluíram face aos anos anteriores, "graças à diferença entre a oferta e a procura", explica Carlos Andrade, responsável do escritório do Porto desta multinacional de recrutamento.

Segundo as estimativas da consultora, no Porto ganha-se menos do que em Lisboa. Na maioria dos setores, os ganhos anuais brutos, sem bónus (ver infografias ao lado), na capital são superiores aos do Norte, à exceção de áreas como o marketing e a indústria . "O Porto continua a ser um mercado muito mais industrial e Lisboa de serviços", sustenta Carlos Andrade.
Mesmo assim, o responsável nota que, "com a criação de vários centros de serviços partilhados nos últimos anos, alguma desta diferença tem-se esbatido", o que o leva a acreditar que "esta seja uma tendência que irá continuar, com o Porto a conseguir atrair e reter mais talento no futuro".

Essa trajetória, sublinha Carlos Andrade, "será alavancada pelo grande número de alunos que está a sair de universidades como a Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP), o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), a Universidade do Minho, a Universidade de Aveiro e a Universidade de Coimbra".