18.9.18

Crédito às famílias já ultrapassa os dez mil milhões este ano. Metade vai para comprar casa

Catarina Melo, in Ecoonline

As instituições financeiras disponibilizaram 11,03 mil milhões de euros em empréstimos às famílias nos primeiros sete meses do anos. Mais de metade foi para comprar casa.
Foi quebrada uma nova barreira psicológica no crédito às famílias. O montante dos empréstimos concedidos já ultrapassa os dez mil milhões de euros, no acumulado deste ano, superando os níveis de concessão registados em períodos comparáveis dos anos anteriores. Por cada dia que passou, os portugueses foram buscar, em média, mais de 50 milhões de euros por dia ao setor financeiro.
As estatísticas do Banco de Portugal mostram que, entre habitação, consumo e outros fins, os bancos e as financeiras disponibilizaram um total de 9.369 milhões de euros entre o início de janeiro e o final de junho, ou seja, no semestre. Com os dados de julho, o valor disparou. Passou os dez mil milhões, cifrando-se em 11.026 milhões de euros em novo crédito.

Este volume representa um aumento de 18%, ou de 1.696 milhões, quando comparado com os 9.331 milhões de euros concedidos em igual período do ano passado. De salientar que, em 2017, ano em que foi concedido um total de 16,9 mil milhões, apenas em setembro foi possível atingir os níveis de concessão acumulados nos primeiros sete meses deste ano.
Mesmo com travão do BdP, crédito da casa supera 900 milhões

Mais de metade dos montantes disponibilizados este ano têm como destino a compra de casa. Até julho, os bancos cederam 5.693 milhões de euros com essa finalidade. Trata-se de 52% do total do financiamento às famílias, representando ainda um acréscimo de 26% quando comparado com a quantia disponibilizada no mesmo período do ano passado.
Já no que respeita ao consumo, os empréstimos concedidos pelos bancos e pelas financeiras ascenderam até julho a 4.283 milhões de euros. Este montante representa um aumento de 17% face ao verificado nos primeiros sete meses do ano passado.

A categoria de outros empréstimos é a única a contrariar o movimento de subida nos níveis de concessão de empréstimos às famílias. Entre o início de janeiro e o fim de julho, os bancos concederam 1.050 milhões de euros em empréstimos com essa finalidade. Ou seja, 9% abaixo do verificado em igual período do ano passado.

Acelerador a fundo no crédito mantém-se
Assiste-se a um crescimento acelerado na concessão de novo crédito às famílias que tem gerado preocupação a várias entidades, entre as quais o Banco de Portugal. A entidade liderada por Carlos Costa avançou mesmo com um conjunto de recomendações aos bancos no sentido de terem em conta três tipos de limitações na hora de dar crédito à habitação e consumo. Esses limites incidem sobre as maturidades dos empréstimos, os rácios de financiamento e o serviço da dívida.

Julho foi o primeiro mês em que entraram em vigor essas recomendações por parte dos bancos, mas ainda não parecem estar a surtir grande efeito. Nesse mês, ocorreu uma quebra ligeira nos montantes do crédito disponibilizado, tanto para a compra de casa como para consumo face a junho, mas, numa base homóloga, a tendência de crescimento manteve-se.

As instituições financeiras concederam 919 milhões de euros em empréstimos para a compra de habitação, em julho. Este montante representa uma diminuição de 71 milhões (1,2%) face aos 990 milhões registados em junho — o valor mais elevado em mais de oito anos –, mas é o segundo mais alto do ano. Face ao ao mesmo mês do ano passado, o nível de concessão registado no último mês de julho aumentou 34,8%.

Já no caso do crédito ao consumo, em julho, os bancos e as financeiras disponibilizaram 595,3 milhões de euros. Este valor representa um decréscimo de 35,6 milhões (-5,6%) quando comparado com o nível de concessão registado em junho. Mas, em termos homólogos, corresponde a uma subida de 52 milhões de euros (9,6%).
er comentar.