30.3.20

Crise: é altura de pensar num rendimento básico universal?

Catia Mateus, in Expresso

Com os economistas a anteciparem uma escalada do desemprego, há quem já defenda a criação de um rendimento básico universal de crise. Medida tem apoiantes em Portugal, desde que seja apenas temporária

incerteza do momento não permite cálculos rigorosos, só cenários. Há um mau e um muito mau, nunca um bom. São esses cenários que nos permitem afirmar que a taxa de desemprego de 6,9% que registámos em janeiro poderá demorar anos até ser de novo alcançada. Entre as poucas certezas que é possível ter sobre os impactos económicos da pandemia covid-19 em Portugal, há uma que merece consenso entre os economistas: o desemprego vai disparar e é necessária uma ação concertada a nível global para garantir postos de trabalho e a subsistência das famílias. O mundo já debate a criação de um rendimento básico incondicional (RBI), um apoio a conceder pelo Estado aos cidadãos para lhes garantir uma vida digna. Será exequível em Portugal? Economistas admitem que sim, se temporário. Mas os impactos práticos no emprego são questionáveis.

As primeiras estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os impactos da covid-19 são claras. Num cenário de recessão aguda, com quebras de 8% no produto interno bruto (PIB) mundial, mais de 25 milhões de empregos serão eliminados em todo o mundo. Mais três milhões do que os destruídos pela crise de 2008. Em Portugal milhares de trabalhadores serão afetados.